No ar a nova edição, dedicada inteiramente aos Smashing Pumpkins, na qual faço uma revisão idiossincrática da carreira da banda (ou seja, sem hits) e acrescento uma música do disco novo para dar um ar contemporâneo. A seleção de músicas já estava preparada há meses, e eu só estava esperando o Zeitgeist vazar para gravá-la. Obviamente não deu certo, uma vez que o disco já está até nas lojas.
Falando no disco novo, o melhor adjetivo para classificá-lo é "medíocre". Um pouquinho melhor do que o Machina — o pior da carreira deles —, mas bem abaixo do Machina II — o mítico "álbum grátis exclusivo para internet". Talvez daqui a algum tempo ele caia uma posição e se torne o pior de todos, porque, ao contrário do Machina, onde o maior problema era a produção exagerada, no Zeitgeist as músicas é que não se sustentam. O que dizer de "7 Shades Of Black", que mais parece uma idéia de melodia inacabada? Ou de coisinhas esquecíveis como "Neverlost", "Starz" e "Bring The Light"? Elas não chegam a ser tão ruins que você queira pulá-las, nem tão boas que você queira repeti-las. São, basicamente, canções "nhé".
Podia ser pior, claro. Se todas as músicas fossem como a insuportável "United States" (uma tentativa frustrada de "X.Y.U." com mensagem política), ou como a melosa e repetitiva "Pomp And Circunstances", que fecha o disco e parece ser sobra do disco solo do Billy Corgan (que nem eu, fã de longa data da banda, tive coragem de comprar).
Para compensar um pouquinho, temos algumas exceções à mediocridade geral, como o primeiro single, "Tarantula", que não é nada demais, mas ganha muito em comparação com as outras. "That's The Way (My Love Is)" também é legal, e foi excelente escolha para segundo single por ser extremamente radiofônica. Já "For God And Country" é melhor na versão acústica, tocada nos shows, mas, por ser uma boa música, consegue manter a força apesar da produção cafona. Quanto a "Doomsday Clock", fico na dúvida se incluo no balaio da mediocridade, porque parece empolgante a princípio, graças à bateria de Jimmy Chamberlin, mas não resiste a uma análise mais detida, na qual percebe-se claramente uma tentativa de emular "Bodies" (possivelmente a melhor música do Mellon Collie) que fracassa miseravelmente. Em "Bodies" a sinceridade é tão desconcertante que você chega a considerar por alguns instantes que talvez amor seja suicídio. Mas em "Doomsday Clock" é muito difícil acreditar que o relógio do fim do mundo esteja tiquetaqueando no seu coração (aliás: hein?). No fim das contas, só considero uma música desta leva realmente boa, e digna das melhores dos Pumpkins: "Bleeding The Orchid", que começa com um corinho, tem teclados, uma melodia marcante e bom trabalho de guitarras.
É, somando tudo o resultado talvez seja abaixo do medíocre. Pra ficar pior, nem os shows — pelo que eu ouvi das gravações e apesar dos setlists — têm feito jus às antigas apresentações. Não sobra mesmo muita coisa. Melhor ficar com a edição do Cabbage Radio, que só têm coisas aprovadas pelo meu — cof, cof — bom gosto.
(Mas o que me deprime mesmo é saber que, ainda assim, vou comprar esse troço. Às vezes eu detesto ser um completista.)
Depois de LittleBigPlanet, mais um motivo para manter a fé no PS3: o criador de Katamari está trabalhando num novo jogo para o console. Chama-se Nobi Nobi Boy e não há praticamente nenhuma informação a seu respeito além da imagem acima (um simpático bonequinho com uma cara meio Príncipe). Parece que "nobi" pode ser mais ou menos traduzido como "esticar", então é possível que o jogo tenha algo a ver com esta propriedade.
As notícias do caos na abertura do Pan foram amplamente exageradas. Eu culpo O Globo Online, pelas informações errôneas. Para começar, as ruas não foram bloqueadas na noite da véspera, nem na manhã seguinte. Além disso, havia pouquíssimos carros circulando porque muitos foram dispensados do trabalho. Poucas vezes fiz o trajeto Tijuca - Botafogo tão rápido. Dei um pouco de sorte, na verdade, uma vez que os bloqueios começaram alguns minutos depois de eu ter cruzado a Radial Oeste. Mesmo assim, parece que o trânsito não ficou pior do que em dia de jogo do Flamengo. Esses livros de auto-ajuda que me desculpem, mas aí está mais uma prova da força do pensamento negativo.
Porém, só para não deixar o otimismo tomar conta, é bom lembrar que a prova de fogo do Pan só acontecerá esta semana, quando pessoas indo para o trabalho, competições em diversos lugares e esquema especial de trânsito se encontrarão para valer. Até lá, nada de comemorar a vitória da tradicional e brasileiríssima incompetência-que-se-dá-bem-no-fim-das-contas.
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Tenho andado mais distraído do que o normal. No dia 7 de julho, semana passada, o Repolhópolis™ completou 4 anos. Eu tinha me lembrado da efeméride no dia anterior, mas, talvez por causa do Anima Mundi, acabei me esquecendo de registar a data com um post. Bem, parabéns atrasado ao blog, embora eu não saiba muito bem por quê.
Amanhã começam os Jogos Pan-americanos. Para mim, vizinho do Maracanã, será o início de um longo calvário. Eu juro que não quero muita coisa. Se eu não levar 2 horas para fazer percursos de 20 minutos já está bom. Pelo mapa acima, no entanto, prevejo que isso não será possível.
As vias marcadas em vermelho estarão interditadas amanhã, para a cerimônia de abertura. No entanto, apesar da festa só começar no final da tarde, as interdições já começam a valer hoje à noite. O que eu vou dizer pode não fazer o menor sentido para a maioria dos leitores, mas isso significa que a Radial Oeste estará interditada na hora do rush, e isso é igual a CAOS, com letras garrafais e múltiplas exclamações (que eu só não ponho porque acho feio pacas).
Para quem não sabe, a Radial Oeste é uma das principais – se não a principal – vias de escoamento da Zona Norte. Suas quatro pistas servem de ligação à Praça da Bandeira e, conseqüentemente, ao Centro e à Zona Sul. Basicamente, interditar a Radial Oeste equivale a parar completamente a Zona Norte.
No caso de um evento extraordinário como, digamos, se um meteoro atingisse a Radial Oeste e obrigasse a sua interdição, o motorista que sai da Tijuca e bairros vizinhos teria ao menos a opção da Avenida Maracanã. Porém, como indica o mapinha acima, a Avenida Maracanã também estará interditada. Ou seja, todo o tráfego destas duas vias enormes e fundamentais será desviado para ruas menores que desembocam aqui e ali na Praça da Bandeira. É o funil levado ao extremo.
O mais interessante disso tudo é que, apesar de ser morador das redondezas, não recebi um panfleto que fosse explicando o esquema de interdições. Tudo o que eu descobri foi nO Globo Online, num canto meio escondido do mini-site dedicado ao Pan. Não há campanha alguma de conscientização dos motoristas, nem sugestões de trajetos alternativos. Nesse tempo todo, a prefeitura só se manifestou para sugerir – implorar? – que os motoristas deixassem os carros em casa e usassem o "maravilhoso" sistema de transporte público do Rio. Eles só não levaram em conta o fato de que a maioria das pessoas compra carro justamente para fugir do transporte público de merda, o qual promete estar ainda mais infernal durante os Jogos. Ou seja, entre ficar preso no engarrafamento dentro do seu automóvel ou num ônibus superlotado, a tendência é o motorista preferir a primeira opção.
A mesma desinformação acontece com relação às faixas especiais, que brotaram em diversas vias da cidade nas últimas semanas. Mais uma vez, nenhuma campanha. Nenhuma explicação sobre como funciona o esquema de preferência. Foi só há poucos dias, por iniciativa própria e com uma ajudinha da Reca, que descobri que nas faixas intermitentes só é preciso dar passagem às delegações (embora eu não saiba identificar uma delegação, e nem qual o nível de prioridade delas num engarrafamento), enquanto as contínuas são exclusivas, proibidas para os veículos dos pobres mortais que não são da "família Pan" (e, se você insistir em trafegar nelas, além de multado pode ser preso e, em casos mais graves, acusado de terrorismo – isso se você não for executado por algum policial afoito antes, claro).
Ainda não esgotei o assunto. Tenho muito, muito mais a dizer sobre o Pan. Mas a irritação é tanta que vou deixar para os próximos dias. Meu lado otimista (e irracional) espera que tudo não passe de alarme falso e que o caos não venha. Só que está cada vez mais difícil acreditar nisto.
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Em assunto quase relacionado, leiam o post sobre a eleição do Cristo no blog temporário da Reca. Resume muito bem o que eu penso sobre o assunto.
Esta é a primeira edição dedicada inteiramente a uma década, a de 70, embora não tenha uma alcunha especial como as edições temáticas anteriores (ok, a música do Donovan é de 1968, mas acho que isso é perdoável, não?). Tenho dúvidas se ficou cafona ou divertido. Talvez as duas coisas. Ouçam!
Muito legal o site do filme dos Simpsons. Gostei especialmente de poder criar um avatar "simpsoniano", mesmo com as poucas opções de edição. O bonequinho acima, como você já deve ter desconfiado, é o meu auto-retrato. Sim, eu sei, mas foi o que deu pra arranjar com o material que tinha. Vai lá e faz o seu também.
Faz tempo que eu quero comentar, e até gostaria de explicar melhor, mas o disco novo do Spoon é um dos melhores do ano, fácil. Não tinha como um negócio chamado Ga ga ga ga ga dar errado.
Ah, e clicando na imagem acima você assiste ao vídeo de "The Underdog".
Este ano não poderei fazer uma cobertura decente do Anima Mundi. O que já é melhor do que ano passado, quando não fiz cobertura alguma (acho que ter falado de apenas 2 filmes não conta). Eu, que costumo ver todos os curtas adultos em competição, só poderei assistir a 10 das 17 sessões. Para a nossa sorte, no entanto, a Reca verá tudo e deve preencher as lacunas depois que o festival acabar, neste domingo. Por enquanto, fiquem com os meus destaques.
Primeiro, os mais óbvios. Everything Will Be Ok, o maior (17 min.) filme já feito por Don Hertzfeldt, o insano e genial diretor de Rejected. Vale muito a pena, embora não esteja entre suas melhores obras. Ele parece ter usado muita coisa dos quadrinhos que faz de vez em quando — o que só aumenta a minha esperança de um dia assistir a um filme estrelado por Neurotic Bobby. É também, de longe, a animação mais "despreocupada" de sua carreira, o que explica o tempo recorde de produção.
Já The Danish Poet (de Torill Kove), produção Canadense-Norueguesa ganhadora do Oscar, era o curta mais aguardado por mim depois do filme do Hertzfeldt. Talvez o excesso de expectativa tenha me levado a gostar menos do que eu deveria, mas ainda assim é uma história excelente e que me é muito cara .
Os dois do Bill Plympton também valem a citação. O primeiro, Shut Eye Hotel, é bacana, mas não é nem de longe o mais assustador de sua sessão (que foi batizada como "Terror" pelo organizadores, devido aos seus filmes sinistros envolvendo bebês deformados e coisas do gênero). Já o outro, o clipe para "Don't Download This Song" do Weird Al Yancovic, se não ganha o título de melhor filme do festival, certamente fatura o prêmio de melhor música. Vocês podem conferi-lo neste post do blog temporário da Reca. É hilariante.
E parece que, mais uma vez, este é o ano dos franceses. Temos dois ótimos filmes de estudantes (repito, ESTUDANTES) da Gobelins: Cocotte Minute e Burning Safari. Na verdade, não poderei vê-los no Anima Mundi, mas como já os conhecia, achei que valia citá-los. Assista e impressione-se com a qualidade de ambos (especialmente Burning Safari):
COCOTTE MINUTE
BURNING SAFARI
Outro filme francês que merece destaque é Sigg Jones (de Mathieu Bessudo, Douglas Lassance e Jonathan Vuillemin), da Supinfocom. Tão embasbacante que até um menininho de 2 anos que estava na nossa sessão soltou um "manêro" entusiasmado, no que foi sucedido por gargalhada geral.
SIGG JONES
E por enquanto é isso. No fim de semana devo assistir ao novo do Konstantin Bronzit e a duas sessões especiais dedicadas à UPA (United Productions of America), estúdio sem o qual a animação televisiva americana não teria sido a mesma — eles criaram, entre outras coisas, o Mister Magoo, um dos heróis da minha infância.