abril 28, 2005

 
O ROUBO DO FLOCO DE NEVE

O estepe do meu carro fica embaixo do porta-malas, preso por uma grade que só pode ser aberta retirando-se um parafuso de tamanho considerável. Para retirar o parafuso de tamanho considerável, há uma chave de rosca especial. Ou melhor, havia, uma vez que ela me foi roubada - não sei se num dos arrombamentos ou em algum estacionamento com manobrista. Há tempos venho tentando comprar outra chave, mas só hoje eu descobri que ela não é apenas especial, mas única - como um floco de neve. Não existe nenhuma chave que possa retirar o parafuso que prende meu estepe a não ser aquela que me foi roubada. O mais interessante é que o sujeito que roubou a chave não levou o estepe. Ficou o ladrão com uma chave inútil e eu com um estepe inacessível. Todo mundo saiu perdendo (quer dizer, se o ladrão foi o mesmo que roubou o rádio eu saí perdendo mais).

Eu só queria entender porque a fábrica do meu carro, ao instalar uma tranca de estepe que só pode ser aberta por uma chave-floco-de-neve, não me forneceu uma cópia da mesma para ser usada em emergências. Agora vou ter que procurar um torneiro-mecânico para ter acesso ao meu próprio pneu de reserva. Eu aposto que o gênio que inventou essa tranca deve se divertir muito com esse tipo de coisa.

besuntado por Vitor Dornelles 17:41



abril 23, 2005

 
FABULOUS, DAHLING





Hoje é aniversário do Shakespeare, do Nabokov e da pessoa mais fabulosa que conheci em toda minha vida. Coincidência? I don't think so. Parabéns, linda!

besuntado por Vitor Dornelles 01:00



abril 20, 2005

 
OMNIA DE GOOGLE

Talvez todo mundo já conheça e eu estou aqui chovendo no molhado, mas descobri recentemente que existe o Google em latim. E também o Google em esperanto, o Google em guarani, o Google em klingon, o Google na língua do p dos americanos e o Google à la Hortelino Tloca Letla. Como não gostar de uma empresa dessas?

****

Return to the world of polish-polishes

Falando em Google e línguas, botei um link na coluna da direita para quem quiser ler os posts mais recentes do Repolhópolis™ em "inglês" . Está depois dos sites e antes da vitrolinha. O blog fica muito mais engraçado. Recomendo.

besuntado por Vitor Dornelles 19:26


 
NÃO FOI DESTA VEZ, LUBOMYR





Agora que o Papa com cara de bicho-papão já está sentadinho no trono de Pedro, a pesquisa da coluna ao lado deixou de fazer sentido. Antes de divulgar os resultados, explico que desconsiderei todos os 30 votos para Bento XVI (32% do total), já que a maioria votou neste nome após a fumacinha branca. Talvez a minha pergunta não tenha ficado clara o suficiente, e as pessoas votaram em Bento XVI achando que a pesquisa era uma disputa para ver quem acertava o nome do novo Papa. Não, não. A pesquisa era apenas para avaliar o GOSTO PESSOAL; qual nome você PREFERIA que o Papa adotasse. Acho que foi essa mesma incompreensão que levou João Paulo III a receber o maior número de votos antes do resultado do conclave. Ou vai dizer que depois de 26 anos de João Paulo alguém queria outro?

Abaixo, o resultado em ordem decrescente de votos:

1. João Paulo III - 13 votos;
2. Gelásio III - 12 votos;
3. Severino II - 9 votos;
4. Outro nome qualquer - 8 votos (foram citados Repolhoso I, Cid Moreira I, Suburbano I e Inri Cristo I)
5. Hilário II - 4 votos;
6. Formoso II - 3 votos;
6. Gregório XVII - 3 votos;
6. João XXIV - 3 votos;
9. Honório V - 2 votos;
9. Leão XIV - 2 votos;
11. Clemente XV - 1 voto;
11. Martinho VI - 1 voto;
11. Pio XIII - 1 voto;
11. Sisto VI - 1 voto;
11. Urbano IX - 1 voto;
11. Martinho VI - 1 voto;
17. Adriano VII - nenhum;
17. Cônon II - nenhum;
17. Adriano VII - nenhum;
17. Inocêncio XIV - nenhum;
17. Paulo VII - nenhum;

A pesquisa teve 94 votantes (considerando os votos inválidos para Bento XVI). Muito obrigado e até a próxima Perguntinha Repolhópolis™.

besuntado por Vitor Dornelles 14:33



abril 19, 2005

 
JÁ?





Pô, já escolheram o alemão? Mas que sem graça. É mais uma amostra do preconceito contra os barbados. Além disso, "Bento XVI" (o nome que ele adotou) recebeu repentinamente uma enxurrada de votos na pesquisa ali do lado. Não pensem que eu não vi isso.

Não sei quanto a vocês, mas torço por um papado curto.

p.s.: E o blog também recebeu uma enxurrada de visitas, provavelmente porque eu devo ser uma das primeiras ocorrências (ou únicas, no momento) para "Bento XVI" nos buscadores da vida. Hoje será o dia mais movimentado desde que criei isso aqui. Quem diria.

besuntado por Vitor Dornelles 16:04



abril 18, 2005

 
UH, É LUBOMYR!





Começou hoje o conclave e já estou com dedos cruzados pelo Lubomyr. Claro que as chances do líder da Igreja Greco-Católica Ucraniana são mínimas - para não dizer inexistentes - mas continuo torcendo mesmo assim. O problema é que se ele ganhar, e ainda por cima adotar Formoso II como nome, posso dar adeus oficialmente à possibilidade de algum dia acertar na mega-sena.

besuntado por Vitor Dornelles 19:47



abril 16, 2005

 
MOTIVO DE ORGULHO

Ser a primeira ocorrência no Google para a busca "antipapa de niterói" não é para qualquer um.

besuntado por Vitor Dornelles 14:36



abril 15, 2005

 
DAS OPORTUNIDADES PERDIDAS

Waking Life foi um filme que não me marcou. Porém, lembro-me da seqüência em que alguém diz que você não consegue interferir na iluminação de um sonho. Pois hoje eu sonhei que entrava numa sala escura e, ao apertar o interruptor, nada acontecia. Tentava outras vezes, a luz continuava apagada. Em vez de perceber que estava no mundo onírico, concluía que a lâmpada havia simplesmente queimado e ia embora! Perdi a maior chance da minha vida de ter um sonho lúcido.

besuntado por Vitor Dornelles 16:35



abril 14, 2005

 
POGO STICK MAN





Já comecei os preparativos para a minha volta ao mundo de pula-pula. Primeiro, resolvi me certificar de que nenhum outro demente havia conseguido tal façanha. Imaginei que dar a volta ao mundo de pula-pula seria um feito digno do Guinness Book. Peguei minha edição de 1996 do livro (você não achou que eu não fosse ter um exemplar do Guinness, né?) e não havia referência nenhuma a pula-pulas na seção de "volta ao mundo".

Os únicos recordes relacionados a pula-pulas, na verdade, pertencem a Gary Stewart, pelo maior número de pulos consecutivos - 177.737 - em Huntington Beach, Califórnia, de 25 a 26 de maio de 1990, e a Ashrita Furman, de Jamaica, Nova York, que percorreu a distância de 27,75 km em 6h40 no dia 8 de outubro de 1993, em Gotemba, Japão. Essa Ashrita Furman, aliás, conseguiu em 1999, de acordo com o site do Guinnes, a subida mais rápida de pula-pula até o topo da CN Tower, em Ontario, Canadá. Ela venceu os 1.899 degraus em 57 minutos e 51 segundos. Além disso, ela detém o recorde de maior distância percorrida equilibrando uma garrafa de leite na cabeça: 130,3 km. Osso duro, essa mulher. Espero que ela não seja tão megalomaníaca quanto eu e resolva dar a volta ao mundo também. Seria uma competição braba.

Pelos recordes acima deu para perceber que é difícil percorrer longas distâncias com um pula-pula. Quanto tempo eu levaria para dar a volta ao mundo, então? Imagino que um pula-pula se locomova mais rápido do que uma pessoa andando. Porém, deve ser mais cansativo e dificilmente consegue-se pular mais do que algumas horas por dia. Segundo a minha edição do Guinness, a primeira "volta ao mundo a pé" confirmada foi do norte-americano David Kunst, que cobriu 23.250 km em quatro continentes, de 20 de junho de 1970 a 5 de outubro de 1974, o que dá pouco mais de 4 anos. A maior distância percorrida a pé ao redor do mundo, no entanto, pertence (ou pertencia, até 1996) a Arthur Bessitt, de North Fort Meyers, Flórida, que durante mais de 25 anos percorreu 49.117 km, passando pelos 7 continentes, inclusive a Antárdida, carregando uma cruz de 3,7 m e pregando durante o trajeto. Como não pretendo passar exatamente pelos 7 continentes e não tenho nenhuma intenção evangelizadora, acredito que a minha volta ao mundo de pula-pula deve durar entre 4 e 6 anos. Um período de tempo aceitável, eu diria.

Para empreender esta aventura psicótica, certamente precisarei de mais de um pula-pula. O ideal, portanto, é ter entre os patrocinadores um fabricante de pula-pulas. O problema é que aqui no Brasil aparentemente não existem fabricantes de pula-pula. Como pude constatar pelos anúncios do Google que surgiram nas últimas horas, pula-pula no Brasil é, pelo menos hoje em dia, sinônimo daqueles brinquedos infláveis de festa de criança rica, muito comuns também em parques de diversão vagabundos. A solução seria entrar em contato com um fabricante dos Estados Unidos.

Pesquisei alguns modelos de pula-pula estrangeiros. O mais falado é o tal do Flybar, cujo apelido é "o pula-pula do século XXI". É caríssimo, custa 300 dólares na Amazon. Pelo que eu entendi, o Flybar é um pula-pula radical. Seu grande chamariz é conseguir dar pulos acima de 1,5 m (dizem que o recorde é 2,5 m). Parece bastante durável, mas não sei se é recomendável para pessoas inabilidosas percorrendo grandes distâncias. As outras opções seriam o Rawlings Pogo Pro 1000 e o Razor AirGo, que têm uma cara mais tradicional, preço mais baixo e parecem confiáveis. De todo modo, não descarto usar um Flybar, principalmente se eles resolverem me patrocinar.

O site em que encontrei o Razor AirGo, aliás, apesar do layout horrível tem algumas dicas interessantes para manutenção do pula-pula e de segurança na hora do exercício. Nele eu descobri que não posso usar o pula-pula na grama ou na areia. Meu trajeto terá que ser todo pelo asfalto. Pressinto que cruzar o Brasil será, por si só, uma tarefa inglória e digna de inveja.

Além do fabricante de pula-pula, seria legal encontrar outros patrocinadores. Uma companhia de celular, por exemplo. Seria ótimo para mostrar como os celulares da companhia X funcionam bem no mundo todo e são de fácil operação até para os membros mais estúpidos da raça humana - os que dão a volta ao mundo de pula-pula, por exemplo. E por que não a Apple? Poderiam fornecer Macs para que eu Reca nos conectássemos à Internet nos momentos de descanso e mantivéssemos atualizado o site com as últimas notícias da aventura mais imbecil de todos os tempos. Seria desejável também o patrocínio de um fabricante de máquinas digitais. A Cannon, por exemplo, poderia ceder uma filmadora para o documentário a ser filmado pela Reca e também uma máquina fotográfica de qualidade, para registrar meus saltos empolgantes na contraluz, tendo ao fundo, sei lá, a savana africana.

Imagino a comoção que eu causaria ao passar por cada país. Nos Estados Unidos eu poderia até ser convidado a dar uma passadinha no David Letterman. Ou na Oprah. Eu seria conhecido como o "pogo stick guy". Logo iriam me chamar para aparecer em todo tipo de comercial. Já posso ver a minha silhueta com pula-pula num comercial do iPod. Em cada cidade do interiorzão que eu passasse, faixas de "Welcome Pogo Stick Guy". Haveria, claro, a chance de algumas pessoas me tacarem ovos e legumes, principalmente adolescentes desocupados, mas este seria um pequeno preço a se pagar pela fama mundial. Quando eu voltasse ao Brasil, provavelmente seria entrevistado pelo Jô Soares. E daria uma demonstração das minhas habilidades no palco. Seria convidado para todas as festas VIPs existentes, nas quais eu sempre apareceria em cima do pula-pula. Aposto até numa ponta em Malhação, ou na nova novela das oito. No Fantástico eu certamente apareceria antes, quando estivesse dando a volta ao mundo. Depois do lançamento do meu livro e do documentário, viriam as palestras para executivos. E, em pouco tempo, eu seria contactado pelo David Lynch, interessado em filmar a minha história inacreditável. O filme seria um dos hits do próximo verão: Pogo Stick Man. Eu entraria para a galeria de brasileiros notáveis, ao lado de Santos Dumont, Pelé e Cauby Peixoto. Depois viria o culto. E eu seria referência para várias gerações de malucos.

Não é por nada não, mas estou pensando seriamente em abandonar o jornalismo.

****

Enquanto não arranjo um pula-pula, o remédio é jogar Pogo Stick Olympics.

besuntado por Vitor Dornelles 17:06



abril 13, 2005

 
UM PLANO PARA O FUTURO





Tenho um novo projeto de vida. Muito melhor do que arrumar um emprego público ou ficar enfurnado numa redação de jornal. Decidi que vou dar a volta ao mundo de pula-pula.

Para isso, só preciso tomar algumas providências:

1) Encontrar o pula-pula ideal;
2) Comprar o pula-pula ideal;
3) Aprender a andar de pula-pula;
4) Treinar percursos de longa distância com o pula-pula;
5) Escolher o melhor trajeto para a viagem;
6) E, finalmente, conseguir patrocínio.

Assim que vencer estas etapas, começarei a pular em direção ao horizonte. Já convidei a Reca para registrar a minha façanha. Ainda não sabemos se ela irá a pé ou de carro, vai depender da velocidade do pula-pula. Na volta, decidimos que cada um lançará um livro. O meu será "A incrível volta ao mundo de pula-pula" e o dela terá o sugestivo título "Meu marido é um idiota".

Prepare-se, mundo, porque aí vou eu!

besuntado por Vitor Dornelles 10:05



abril 12, 2005

 
APROVADO (PARTE 1 DE ALGUMAS)

Episódio de hoje: As provas mais fáceis da minha vida.

A mais fácil de todas. Era o último mês do ano de 1994 e eu acabara de concluir a 8ª série no colégio em que passara os oito anos mais longos e dolorosos da minha existência. Por um acaso divino, este mesmo colégio não oferecia o 2º grau e eu me vira obrigado a migrar para outro estabelecimento. Minha primeira opção era o Marista São José (para onde acabei indo, no fim das contas), mas meus pais, talvez por receio de que eu não passasse, insistiram que eu fizesse a prova de seleção para o colégio Batista Brasileiro - hoje extinto, e imagino bem por quê.

Depois de ter passado mais da metade da minha vida acadêmica em um colégio católico, tudo que eu não queria era estudar em um colégio batista. E num colégio batista ruim, ainda por cima. Definitivamente, o Batista Brasileiro não gozava de boa fama. Os próprios alunos do meu antigo colégio - que também não era uma instituição modelo - sacaneavam quem estudava no Batista. Não passar naquela prova tinha se tornado, portanto, uma espécie de questão de honra e - por que não? - de sobrevivência.

No dia do exame, cheguei disposto a zerar todas as questões. À medida que lia a prova, no entanto, percebi que estava diante de uma missão impossível. Aquela era, sem dúvida, a prova mais boçal em que já havia posto os olhos. Um insulto completo à minha inteligência. Não, mais do que isso: um insulto total e absoluto à inteligência dos tatus-bola! Eu não conseguia acreditar no que estava lendo. O nível de obviedade das questões era tão assustador que o meu impulso inicial de errá-las todas havia se convertido no contrário. Agora, o meu orgulho não permitiria que me levantasse da carteira sem gabaritá-las.

Pode parecer que estou me gabando, mas foram poucas as vezes em que tive que me segurar tanto para não gargalhar de alguma coisa. As questões de matemática eram, de longe, as mais hilárias. Exemplifico, para que compreendam melhor.





A figura acima ilustrava uma questão que pedia o valor da hipotenusa "a". A maioria deve se lembrar que o quadrado da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos catetos - e que a hipotenusa é sempre maior do que os catetos. E, acreditem, estas eram as opções de resposta:

a) 1
b) 2
c) 3
d) 4
e) 5

Basicamente, não era preciso extrair uma raiz quadrada sequer. A resposta só podia ser 5. Qualquer orangotango bem treinado que tivesse freqüentado algumas aulas da 8ª série acertaria aquela questão.

Eu achava que nada poderia ser mais fácil do que aquilo, mas foi então que cheguei à questão que resumia brilhantemente o espírito da prova. Neste momento, eu tive que rir.

"Calcule o perímetro do quadrado"





Sim. Perímetro. Vou repetir: pe-rí-me-tro. Neste caso, uma simples conta de multiplicação: 2 vezes 4. Sim, isso caiu numa prova de acesso ao 1º ano do 2º grau. Uma questão de perímetro, que seria fácil até mesmo numa prova da 4ª série. E reparem na diagonal que puseram no quadrado, com o intuito de "confundir"! Hahahaha! (Será que só eu acho isso engraçado?)

Depois daquilo, eu tinha certeza de duas coisas: eu havia acertado tudo e não estudaria no Batista Brasileiro nem em camisa-de-força.

****

A segunda prova mais fácil da minha vida foi a de seleção para o colégio católico em que estudei da 1ª a 8ª série. Resumia-se a escrever ao lado de alguns desenhos seus respectivos nomes. Se houvesse uma casa, eu tinha que escrever "casa". Se fosse uma árvore, tinha que escrever "árvore". E assim por diante. A maior dificuldade da prova, na verdade, era descobrir o que eram os desenhos. Várias vezes tive que perguntar para a freira que tomava conta da prova o que significavam aqueles rabiscos. Mesmo com 7 anos de idade, aquilo me revoltou sobremaneira.

"Um nariz? Mas como é que alguém pode desenhar tão mal um nariz? É o pior nariz que vi em toda minha vida!"

Pois naquele momento eu decidi que tinha que passar de qualquer jeito para aquele colégio. E que, uma vez aprovado, ia ensiná-los a desenhar decentemente um nariz.

besuntado por Vitor Dornelles 23:19



abril 08, 2005

 
NO MEIO DA NOTÍCIA

Estava indo da Barra para Botafogo quando fui surpreendido por um engarrafamento no viaduto de acesso ao elevado do Joá. Apesar de atípico para as quatro e meia da tarde, não dei importância. Estava ouvindo o recém-adquirido disco do Fiery Furnaces e relaxei. Passadas duas músicas, percebi que não havia me movido mais do que dois metros. Desconfiei que havia algo errado naquela aglomeração de automóveis.

Olhei para a direita e vi um carro voltando de ré no acostamento. "Um apressadinho", pensei. Alguns minutos depois, outro carro fazendo a mesma coisa. "Hum...". Em seguida, uma fila de carros no acostamento voltando pela contramão. Achei aquilo tudo muito estranho e resolvi aderir. Algumas manobras depois e eu já estava no acostamento, observando os rostos incrédulos de quem passava na direção contrária e, alguns metros depois, fazia também a meia-volta.

Uma vantagem da era do celular e da Internet é que você pode descobrir a causa de um engarrafamento esquisito em tempo-real. Lembro-me de quando eu era moleque e voltava com meus pais de Niterói. Ficamos presos por muitas horas na entrada da Ponte, sem que o carro se movesse. Só no dia seguinte descobrimos a causa do monstruoso congestionamento: um navio havia batido num dos pilares da Ponte, o que ocasionou seu fechamento. Mas como eu ia dizendo, hoje em dia você só precisa dar um telefonema para saber imediatamente "o quê que tá pegando". Liguei para a minha namorada e em menos de um minuto ela descobriu que havia um "incêndio de grandes proporções num supermercado em São Conrado". E que a auto-estrada Lagoa-Barra estava fechada nos dois sentidos.

Devidamente informado da gravidade da situação, e imaginando que não iriam reabrir as pistas tão cedo, percebi que fizera bem em unir-me aos carros no acostamento. Porém, mais uma vez estava tudo completamente parado. Nas pistas de subida, não havia nenhum carro. Depois de alguns minutos sem que nada acontecesse, uns 30 carros e ônibus finalmente subiram e começaram a executar a meia-volta num ponto mais atrás. Neste momento, a contramão oficializou-se, e tomamos as duas pistas, além do acostamento.

O problema é que havia dois interesses conflitantes. Os motoristas que queriam abandonar o viaduto pela contramão e a fila, literalmente quilométrica, de veículos que queriam seguir em frente, a maioria sem saber o que estava acontecendo. Nesta hora, tudo parou novamente. Enquanto os motoristas que estavam no ponto de interseção dos dois fluxos tentavam se entender, decidi desligar o motor, puxar o freio de mão e abrir a janela. O sujeito na minha frente já havia feito o mesmo e estava do lado de fora do carro, com a porta aberta.

Havia o espaço de uma pista entre o meu carro e os imediatamente à minha esquerda, por causa de um ônibus que acabara de passar na direção oposta. Os motoristas desses carros estavam enconstados na mureta do viaduto, conversando entre si. Um deles, que a princípio julguei ser um mendigão, por causa do seu despojamento visual, cumprimentou o sujeito à minha frente e trocou algumas palavras. Depois, olhou para mim, perguntando alguma coisa. Só aí eu percebi que o mendigão era o Matheus Nachtergaele, com uma camisa quase toda desabotoada, calça largona e sandálias. Não tive tempo de responder porque neste momento o trânsito voltou a fluir e todos correram para seus respectivos carros.

Não havia absolutamente ninguém da CET-Rio coordenando a bagunça. Tudo se resolveu na base da camaradagem. O ônibus e o carro que lideravam a fila completamente parada em direção ao elevado gentilmente abriram espaço para que os carros na contramão pudessem pegar o retorno que passa debaixo do viaduto. Alguns motoristas mais afoitos passavam por cima do canteiro. Havia até um sujeito aleatório, com uns pedaços de madeira que ele havia conseguido sabe-se lá onde, ajudando alguns motoristas a vencer o desnível. Uma van que estava à minha frente tentou passar por um pedaço mais alto do canteiro e ficou presa, com as rodas no ar. Pacientemente, esperei chegar até o ponto liberado para retorno e, enfim, tomei o rumo do Alto da Boa Vista, em direção a Botafogo.

Quem não conhece o Rio certamente não compreendeu o inusitado deste trajeto. Digamos que a Barra seja o ponto A e Botafogo o ponto B. O caminho que eu pretendia fazer antes do engarrafamento é quase uma linha reta.





Já indo pelo Alto da Boa Vista, o caminho é mais ou menos assim:





Mas o que importa é que eu cheguei em Botafogo a tempo de adquirir um lindo fogão quatro bocas da Electrolux, todo branco - que era o meu objetivo, afinal de contas.

besuntado por Vitor Dornelles 14:04



abril 06, 2005

 
PERGUNTINHA REPOLHÓPOLIS EXTRAORDINÁRIA

Sobre Papas, é claro.

Ela não é nada discreta. Está na coluna da direita, roubando momentaneamente o destaque dos links. Não se preocupem, porque é temporária. Não vou agüentar muito tempo esse troço arruinando o template.

Ah, e reparem que a pergunta não é sobre qual nome você acha que o próximo Papa vai EFETIVAMENTE adotar, mas sobre qual você PREFERE.

besuntado por Vitor Dornelles 02:20



abril 05, 2005

 
MELHOR NOME DE PAPA

Formoso.

É sério. Leiam o perfil do Papa Formoso, segundo a enciclopédia do meu quarto:

Formoso (Roma ? c. 816 - id. 896), papa de 891 a 896. Foi enviado como legado entre os búlgaros em 866. Eleito papa, reatou os laços com Constantinopla, mas lhe faltou apoio. Em 897, seu cadáver foi exumado por seus adversários, submetido a um simulacro de julgamento e jogado no Tibre (concílio cadavérico).

Ok, mudei de idéia. Para combinar com esses tempos cada vez mais liberais, o próximo Papa deveria adotar o nome de Formoso II. Ia ganhar todo o meu respeito.

besuntado por Vitor Dornelles 22:20



abril 04, 2005

 
CULTURA INÚTIL É O QUE HÁ

Jornais, revistas e canais de TV só falam de uma coisa: Papa. Querendo fugir do bombardeio monotemático da mídia convencional, você resolve apelar para os blogs. Vem parar aqui, no Repolhópolis™ ("mas que nome estúpido!"), e o que encontra? Mais Papa! Sim, porque eu, pessoa influenciável que sou, ultimamente só falo de assuntos de cunho papal.

Cabe ressaltar, porém, uma vantagem (?) do Repolhópolis™ em relação aos veículos tradicionais: aqui você só encontra informações que ninguém quer saber.

Como, por exemplo, uma lista com o nome de todos os Papas, cortesia da maravilhosa enciclopédia do meu quarto. Até pensei em digitá-la, mas era muito Papa. Teve que rolar uma escaneamento básico. A lista está em duas partes, porque é muito grande: de São Pedro (ano desconhecido) até Nicolau II (1059) e de Alexandre II (1061) até João Paulo II (1978). Admita, você não sabe como viveu até hoje sem essa informação.

Agora, uma análise tosca e curtinha sobre os nomes dos Papas. Nos últimos 500 anos, percebe-se uma forte tendência Clementina. Mas quem ganha mesmo são os Pios. De meados do século XVIII até agora houve sete Pios. Poderia ser uma pista para o nome do próximo Papa: Pio XIII. Mas não boto fé, por causa da ligação do Pio XII com o nazismo.

Na verdade, eu torço mesmo é por um nome de Papa que não é usado desde o século XII: Vítor (oh!). Sim, eu também não sabia, mas Vítor é nome de Papa. Ao longo da história, quatro Papas adotaram este nome:

São Vítor I - foi Papa de 189 a 199. Faleceu em Roma;

Vítor II - ou Gebhard, conde de Dollinstein-Hirschberg, foi Papa de 1055 a 1057. Faleceu em Arezzo;

Beato Vítor III - nascido em Benevento em 1027, foi Papa de 1086 a 1087. Faleceu em Monte Cassino.

Vítor IV - ou Ottaviano Di Monticelli, nasceu em Tívoli em 1095. Na verdade, foi um antipapa (eleito irregularmente, não reconhecido pela Igreja) que Frederico Barba-Roxa contrapôs ao papa legítimo, Alexandre III. Esse tinha moral, hein? Ficou no cargo de 1159 a 1164. Faleceu em Lucca.

Pois é isso. No mundo perfeito temos Lubomyr Husar (o barbudo do post abaixo) eleito Papa e adotando como nome de guerra Vítor V. Pô, Vítor V! Dá até para fazer um emblema de super-herói com um nome desses.

Aposto que a comunidade dos Vítores no Orkut ia ficar em polvorosa. Sem contar que eu ia gostar muito mais de me apresentar a desconhecidos:

— Como você se chama?
— Vitor.
— Que nem o Papa?
— Exatamente.
— Me dá um autógrafo?

Se isso acontecesse, talvez eu até passasse a considerar o catolicismo uma religião viável. Ou não.

besuntado por Vitor Dornelles 01:05



abril 02, 2005

 
MINHA HISTÓRIA SOBRE O PAPA

O Papa morreu. Taí uma coisa que eu nunca tinha visto: a morte de um Papa. Quando eu nasci, em 1980, João Paulo II já estava lá, liderando o rebanho católico. Eu era um mero bebê de colo quando o Papa visitou o Brasil pela primeira vez. Minha mãe, assim como muitas outras mães na ocasião, me levou à praia do Leblon para que eu fosse abençoado. As horas passaram, mas o Papa não. Por algum motivo, o roteiro do papamóvel foi alterado e uma multidão de mães e crianças não recebeu a bênção de João de Deus. Até aí, a minha história sobre o Papa é igual a de várias outras crianças da minha geração cujas mães tiveram a mesma idéia.

O que torna a história diferente é o fato do meu pai não ter ido à praia ver o Papa. Primeiro, porque ele não podia: estava no trabalho, em Botafogo, bem longe da orla. Depois, porque provavelmente não fazia questão. Pois na hora do almoço meu pai andava nas proximidades do seu trabalho, ali pelo Pasmado, quando foi surpreendido pelo barulho de muitas sirenes. Quando olhou para o lado, lá estava ele, o Papa, dentro do papamóvel, a menos de 10 metros, dando tchauzinho.

Mais tarde, em casa, é bem provável que o seguinte diálogo tenha ocorrido:

Minha mãe: "Não vimos o Papa!"
Meu pai: "Pois eu vi!"
Eu: "A-ga-ga!"

****

Alunos da segunda série imaginam que nome o novo Papa poderia adotar.

— Ia ser engraçado se o novo Papa se chamasse João XXIV. Hihihihi!
— Mais engraçado ainda é se ele resolvesse se chamar João XXX. Hihihihihihihi!

****

Estou sentindo que essa morte do Papa vai ser a morte do Tancredo da nova geração.

****

Falando em novo Papa, li na Folha a lista dos 20 candidatos mais fortes à sucessão. Já tenho meu favorito: Lubomyr Husar, cardeal ucraniano. Pô, vai dizer que não ia ser sensacional um Papa com essa cara:





É isso aí, Lubomyr! Torço por você na hora do "Habemus papam"!

E olha que eu nem sou católico.

besuntado por Vitor Dornelles 18:06



abril 01, 2005

 
ROYAL RAINBOW!





Daqui a alguns anos, quando bater a nostalgia da primeira década deste terceiro milênio, todos os bons vão se lembrar com um sorriso de Katamari Damacy.

Dito isto, passemos a melhor notícia de 1º de abril deste ano*, veiculada pelo Gamespot: John Woo vai dirigir a versão cinematográfica de Katamari, com The Rock no papel do Príncipe.





Ah, eu adoro os nerds!

*via Reca.

besuntado por Vitor Dornelles 19:57


 
PRIMEIRO DE ABRIL INVOLUNTÁRIO

(Há menos de 10 minutos, no Globo Online.)

Vaticano afirma que Papa João Paulo II não morreu

CIDADE DO VATICANO - O Vaticano nega que o Papa João Paulo II não morreu. A informação sobre a suposta morte do Pontífice havia sido divulgada por alguns órgãos da imprensa italiana.


Os grifos são meus.

besuntado por Vitor Dornelles 16:17



Google
 
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