RÁDIO REPOLHO #18No ar a
nova edição, dedicada inteiramente aos Smashing Pumpkins, na qual faço uma revisão idiossincrática da carreira da banda (ou seja, sem hits) e acrescento uma música do disco novo para dar um ar contemporâneo. A seleção de músicas já estava preparada há meses, e eu só estava esperando o
Zeitgeist vazar para gravá-la. Obviamente não deu certo, uma vez que o disco já está até nas lojas.
Falando no disco novo, o melhor adjetivo para classificá-lo é "medíocre". Um pouquinho melhor do que o
Machina — o pior da carreira deles —, mas bem abaixo do
Machina II — o mítico "álbum grátis exclusivo para internet". Talvez daqui a algum tempo ele caia uma posição e se torne o pior de todos, porque, ao contrário do
Machina, onde o maior problema era a produção exagerada, no
Zeitgeist as músicas é que não se sustentam. O que dizer de "7 Shades Of Black", que mais parece uma idéia de melodia inacabada? Ou de coisinhas esquecíveis como "Neverlost", "Starz" e "Bring The Light"? Elas não chegam a ser tão ruins que você queira pulá-las, nem tão boas que você queira repeti-las. São, basicamente, canções "nhé".
Podia ser pior, claro. Se todas as músicas fossem como a insuportável "United States" (uma tentativa frustrada de "X.Y.U." com mensagem política), ou como a melosa e repetitiva "Pomp And Circunstances", que fecha o disco e parece ser sobra do disco solo do Billy Corgan (que nem eu, fã de longa data da banda, tive coragem de comprar).
Para compensar um pouquinho, temos algumas exceções à mediocridade geral, como o primeiro single, "Tarantula", que não é nada demais, mas ganha muito em comparação com as outras. "That's The Way (My Love Is)" também é legal, e foi excelente escolha para segundo single por ser extremamente radiofônica. Já "For God And Country" é melhor na versão acústica, tocada nos shows, mas, por ser uma boa música, consegue manter a força apesar da produção cafona. Quanto a "Doomsday Clock", fico na dúvida se incluo no balaio da mediocridade, porque parece empolgante a princípio, graças à bateria de Jimmy Chamberlin, mas não resiste a uma análise mais detida, na qual percebe-se claramente uma tentativa de emular "Bodies" (possivelmente a melhor música do
Mellon Collie) que fracassa miseravelmente. Em "Bodies" a sinceridade é tão desconcertante que você chega a considerar por alguns instantes que talvez amor seja suicídio. Mas em "Doomsday Clock" é muito difícil acreditar que o relógio do fim do mundo esteja tiquetaqueando no seu coração (aliás: hein?). No fim das contas, só considero uma música desta leva realmente boa, e digna das melhores dos Pumpkins: "Bleeding The Orchid", que começa com um corinho, tem teclados, uma melodia marcante e bom trabalho de guitarras.
É, somando tudo o resultado talvez seja abaixo do medíocre. Pra ficar pior, nem os shows — pelo que eu ouvi das gravações e apesar dos setlists — têm feito jus às antigas apresentações. Não sobra mesmo muita coisa. Melhor ficar com a edição do
Cabbage Radio, que só têm coisas aprovadas pelo meu — cof, cof — bom gosto.
(Mas o que me deprime mesmo é saber que, ainda assim, vou comprar esse troço. Às vezes eu detesto ser um completista.)