JUKEBOX ESTRANHAOutro dia sonhei que estava num cinema de shopping, onde havia uma jukebox no subsolo, e alguém tinha botado
OPMC para tocar. Eu praticamente me joguei da escada para ter certeza se era OPMC mesmo. E era. Mas eu não entendo como não percebi que era um sonho. Jukebox em cinema de shopping? Tocando OPMC? E ainda por cima uma música do
Product Of Pisces And Capricorn, o mais obscuro? Por favor, nem se fosse na Holanda. E lá se foi
mais uma oportunidade de ter um sonho lúcido.
NOTO UMA TENDÊNCIADe seguir comediantes ingleses no
Twitter. Comecei com o
Stephen Fry, que além de tudo é geek e despreendido o suficiente para seguir praticamente todo mundo de volta (e olha que atualmente são uns 40.000 seguidores, e aumentando). Depois descobri que o
John Cleese também está lá e, mais importante ainda, o
Neil Innes. E tem o
Neil Gaiman, que é só inglês mesmo, embora escreva algumas coisas engraçadas também.
E aí? Será que isso convence mais gente a embarcar no fantástico mundo dos 140 caracteres?
EM DEFESA DO TREMA (E OUTRAS INUTILIDADES)Já manifestei no
Twitter meu desapreço pela reforma ortográfica, mas volto ao assunto porque acaba de pular no meu colo um exemplo para reforçá-lo. Como praticamente todos os grandes veículos de comunicação brasileiros,
O Globo aderiu às novas regras ortográficas no primeiro dia do ano. Se eu não soubesse disso, provavelmente teria demorado mais tempo para decifrar a seguinte notinha do plantão do site do jornal, publicada às 20h15 de hoje:
Mau tempo para Roda Rio 2016, mas programação é mantida mesmo com chuvaLi uma vez. Li duas vezes. Como assim? Tá rolando um mau tempo
para a roda-gigante? O que eles querem dizer com isso? Foi só na terceira leitura que a ficha caiu: era
para do verbo
parar.
Talvez outras pessoas tenham lido esta notinha e não encontrado nenhum problema para entendê-la de imediato. Mas sou obrigado a atribuir isso ao fato de que tais pessoas nunca souberam as regras ortográficas antigas. Porque a terceira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo
parar é, automaticamente para mim,
pára, com acento agudo.
É isso que me revolta nesta reforma ortográfica. Ela não veio para facilitar a compreensão da língua. Qual o objetivo de eliminar acentos diferenciais que não possuem outra função além de, ora bolas, diferenciar palavras que têm o mesmo som mas significados diferentes? A queda do acento diferencial só serve para aumentar a ambigüidade — com trema mesmo, já que este é o meu próximo tópico. Ambigüidade esta que só serve para diminuir a fluência do texto. Se o
pára tivese acento, não teria sido necessário ler a mesma frase 3 vezes para compreendê-la. O acento, neste caso, é simplesmente um recurso ortográfico para facilitar a compreensão.
O mesmo se aplica ao trema. Qual a função do trema? Oras, ele serve para indicar quando você deve pronunciuar o "u" nas combinações "que", "qui", "gue" e "gui", onde nem sempre esta vogal é pronunciada. O trema é simplesmente um guia de pronúncia. Algo que visa a facilitar a leitura, simplesmente. Se você nunca ouviu a palavra "lingüiça", sabe que ela deve ser pronunciada diferente de "preguiça", graças ao trema. É nada mais, nada menos, do que um facilitador. Que mal há nisso?
Mas a principal razão para eu ser contra a reforma ortográfica é o fato de que nunca mais vou poder escrever "pinguim" no lugar de "pinguinho". Sempre, sempre, vão achar que estou falando de "pingüim", a ave. Querem matar o Guimarães Rosa que existe dentro de mim (o que talvez não seja tão ruim assim, mas, ora bolas, deixem-me ser ranzinza).