janeiro 04, 2009

 
EM DEFESA DO TREMA (E OUTRAS INUTILIDADES)

Já manifestei no Twitter meu desapreço pela reforma ortográfica, mas volto ao assunto porque acaba de pular no meu colo um exemplo para reforçá-lo. Como praticamente todos os grandes veículos de comunicação brasileiros, O Globo aderiu às novas regras ortográficas no primeiro dia do ano. Se eu não soubesse disso, provavelmente teria demorado mais tempo para decifrar a seguinte notinha do plantão do site do jornal, publicada às 20h15 de hoje:

Mau tempo para Roda Rio 2016, mas programação é mantida mesmo com chuva

Li uma vez. Li duas vezes. Como assim? Tá rolando um mau tempo para a roda-gigante? O que eles querem dizer com isso? Foi só na terceira leitura que a ficha caiu: era para do verbo parar.

Talvez outras pessoas tenham lido esta notinha e não encontrado nenhum problema para entendê-la de imediato. Mas sou obrigado a atribuir isso ao fato de que tais pessoas nunca souberam as regras ortográficas antigas. Porque a terceira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo parar é, automaticamente para mim, pára, com acento agudo.

É isso que me revolta nesta reforma ortográfica. Ela não veio para facilitar a compreensão da língua. Qual o objetivo de eliminar acentos diferenciais que não possuem outra função além de, ora bolas, diferenciar palavras que têm o mesmo som mas significados diferentes? A queda do acento diferencial só serve para aumentar a ambigüidade — com trema mesmo, já que este é o meu próximo tópico. Ambigüidade esta que só serve para diminuir a fluência do texto. Se o pára tivese acento, não teria sido necessário ler a mesma frase 3 vezes para compreendê-la. O acento, neste caso, é simplesmente um recurso ortográfico para facilitar a compreensão.

O mesmo se aplica ao trema. Qual a função do trema? Oras, ele serve para indicar quando você deve pronunciuar o "u" nas combinações "que", "qui", "gue" e "gui", onde nem sempre esta vogal é pronunciada. O trema é simplesmente um guia de pronúncia. Algo que visa a facilitar a leitura, simplesmente. Se você nunca ouviu a palavra "lingüiça", sabe que ela deve ser pronunciada diferente de "preguiça", graças ao trema. É nada mais, nada menos, do que um facilitador. Que mal há nisso?

Mas a principal razão para eu ser contra a reforma ortográfica é o fato de que nunca mais vou poder escrever "pinguim" no lugar de "pinguinho". Sempre, sempre, vão achar que estou falando de "pingüim", a ave. Querem matar o Guimarães Rosa que existe dentro de mim (o que talvez não seja tão ruim assim, mas, ora bolas, deixem-me ser ranzinza).

besuntado por Vitor Dornelles 21:59

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