Já tinha me esquecido de como é agradável o dolce far niente das férias. Ah, a alegria de não ter horário para (quase) nada! Isso tem me levado a conhecer o trânsito em horários nos quais certamente estaria no trabalho, como às 15h30, por exemplo. E é impressionante como tem gente na rua. Agora a pouco demorei uma hora para fazer um trajeto ridículo, de pouco mais de um quilômetro. Não havia obra, acidente, nada que justificasse o trânsito absurdo. Era só a quantidade de carros mesmo. No meio da tarde, às 15h30.
O que me leva à pergunta: o que essa gente toda está fazendo na rua a essa hora? Alguns talvez estejam de férias, outros talvez sejam desocupados (estudantes universitários?) ou pessoas sem horário de trabalho fixo (donas de casa? frilas?). Seria o resto de aposentados? Ou de pessoas que trabalham em horários estranhos (quando eu estava na Folha de S.Paulo meu expediente começava às 16h)? A minha vontade era saltar do carro e começar uma enquete: o que você está fazendo na rua a essa hora? Não tem nada interessante passando na TV? Sim, seria legal começar a entrevistar as pessoas aleatoriamente no meio de um engarrafamento. Tenho curiosidade sobre essas coisas. Sempre que eu passo por algum prédio, por exemplo, fico imaginando a história por trás de cada janela. Quem mora lá? Quantas pessoas? Quantos quartos será que tem? Serão felizes ou infelizes? Burros ou inteligentes? Talvez um pouco de tudo? Será que têm segredos negros e terríveis? Quais são os seus mistérios? Ou será que são simplesmente pessoas desinteressantes? É possível existir uma janela por aí que não tenha uma boa história sequer para contar? Pois é, eu sou do tipo que acha a profissão do recenseador muito maneira. Se houvesse a garantia de não visitar lugares potencialmente letais, e um salário melhorzinho, eu até topava fazer um bico. Mas não era disso que eu queria falar.
A 22ª edição do Cabbage Radio já está no ar. Fiz um especial só com músicas que estavam no top 20 da Billboard em 1980, ano em que eu nasci. Minha idéia era botar o top 10 da semana exata em que eu nasci, mas não consegui descobrir um lugar que tivesse a informação (alguém? alguém?). Tive que me contentar com a lista geral do ano mesmo. Selecionei apenas 10 músicas, pois não queria botar coisas como Olivia Newton-John e Bette Midler. Ah, e antes que alguém descubra: sim, eu tirei "Another Brick In The Wall (Part 2)", do Pink Floyd (2º lugar na parada) para botar "Escape (The Pina Colada Song)", do Rupert Holmes (11º). Foi uma decisão, ahn, "estética". Embora eu goste de Pink Floyd, achei que o Rupert Holmes tinha mais a ver com o clima do podcast.
Para os curiosos, eis os artistas que eu escolhi e suas respectivas colocações no top 20: Blondie (1º), Michael Jackson (4º), Queen (6º), Lipps Inc. (8º), Billy Joel (9º), Rupert Holmes (11º), Gary Numan (12º), Smokey Robinson (13º), Cristopher Cross (17º) e K.C. & The Sunshine Band (19º). Ouçam!
Finalmente começo a entender aquelas pessoas que se confundem ao responder quantos anos têm. Embora eu esteja fazendo 28 anos, outro dia mesmo achei que eram 29. Tive até que fazer as contas (que no meu caso são bem fáceis, pois nasci em ano redondo). Muito estranho.
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Eu tinha planejado fazer um Cabbage Radio especial, só com músicas que estavam no topo das paradas em 1980, mas obviamente não tive tempo. Talvez saia na semana que vem. Ênfase no talvez.
Sem revelar spoilers, posso afirmar que o melhor easter egg do sétimo episódio da quarta temporada de Lost foi descobrir que a Sun nasceu no dia 20 de março de 1980. Exatamente no mesmo dia que EU.
Aconteceu na semana passada, mas como a dúvida ainda me perturba, não vou deixar sem registro. Estava indo para o trabalho, por volta de 11 da manhã, quando notei um carro da PM atrás de mim. O trânsito não estava exatamente congestionado, mas sim o que se poderia chamar de "intenso", com os carros indo numa velocidade constante e sem retenções. Em determinado instante, os policiais fizeram barulhos com a sirene. Como estavam bem colados na minha traseira, interpretei aquilo como um "sai da frente!" e caí para a direita. Para minha surpresa, a viatura fez o mesmo. Piscaram os faróis e fizeram sinal para que eu enconstasse o carro.
— Bom dia. Existe alguma coisa no interior do veículo que desabone sua conduta? — Não, de jeito... — Armas, drogas? — ...nenhum.
O que se seguiu foi uma revista minuciosa, que se estendeu dos meus tênis e meias até o cinzeiro do carro, passando pela minha mochila. Para o nosso azar (meu e do guarda) meu carro é uma verdadeira lixeira, e minha mochila também não fica atrás. Ou seja, fui liberado somente depois de meia hora, e mesmo assim só porque os PMs desistiram antes de chegar no branco traseiro.
Agora, a dúvida. Se ainda existe algum leitor advogado aí do outro lado, ou pelo menos alguém com noções de direito, por favor, me responda: os PMs podem fazer isso? Me revistar sem motivo algum? Lembro a todos que não era uma blitz, e eu tampouco estava dirigindo de forma "suspeita", uma vez que ia na mesma velocidade que todos os outros carros. Além disso, eles não pareciam muito interessados na documentação do meu carro. Só deram uma olhadela quase no final, quando o guarda que me abordou já tinha jogado todo o conteúdo do cinzeiro no meu tapete, à procura de qualquer ponta de cigarro de maconha ou coisa que o valha. Enfim, isto não é constrangimento ilegal? Abuso de poder? Faço a pergunta porque não é primeira vez que isso me acontece (é a terceira, para ser mais exato) e, se existir alguma lei que eu possa citar, ou outra coisa qualquer, para não ter que passar por isso de novo, ficaria muito agradecido.
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Este ano o inferno astral está batendo forte. Vou poupá-los dos detalhes, mas não da minha wishlist na Livraria Cultura. Não costumo fazer iso, mas, sei lá, vai que alguma alma caridosa resolve apaziguar um pouco este período desgracento que antecede o meu aniversário? Dia 20 está logo aí.