Não existe nenhuma banda remotamente parecida com Clor hoje em dia. Só por isso, eles deveriam receber o dobro da atenção que lhes é dispensada. Eu já falei da banda aqui, quando a incluí na Coletânea Repolhópolis™ Volume 2. A estréia dos britânicos foi, de longe, uma das coisas mais interessantes lançadas ano passado, mas passou quase desapercebida pela maioria. No meu esforço para corrigir este erro, ofereço-lhes o bizarro vídeo de "Love And Pain", uma das melhores músicas de 2005. Aprendam a coreografia direitinho, pro caso deles virem ao Brasil.
E já que o assunto são bandas influenciadas por Devo, ouçam também esta música do Office (não confundir com o seriado genial), "The Big Bang Jump!". Está entre as mais tocadas na minha parada de sucessos pessoal.
Em breve: mais um sorteio (ou concurso, ainda não decidi) Repolhopótico, desta vez valendo um CD de verdade, e não aquelas minhas cópias caseiras. Aguardem!
Eu voto nulo para presidente desde que tirei meu título de eleitor. Por conta disso, sempre que eu declarava meu voto em público, aparecia alguém para botar o dedo na minha cara e dizer "Mas como?! O voto é a arma mais poderosa do cidadão! O voto é sagrado! O voto traz lasanha pra você na hora do almoço!", e depois me encarar com uma cara de nojo, como se eu fosse um invertebrado que não compreende a beleza da democracia.
"Ora, bolas", pensava eu, "por que diabos eu sou obrigado a escolher entre FHC e Lula? Ou entre Serra e Lula? Sinceramente: passo. Esse pessoal que vá catar coquinho no asfalto quente."
Pois de uns tempos pra cá, influenciada pelos escândalos políticos recentes, a mesma galerinha que costumava me apontar na rua aos gritos de "Anulador subversivo!" - geralmente eleitores do Lula - chegou à brilhante conclusão de que, ora veja, o voto nulo até que é uma opção válida.
Ah, não, isso eu não admito. Depois de anos me enchendo o saco dizendo que o voto nulo é o grande satã, que o voto nulo bate nas criancinhas, que o voto nulo acaba com o resto da sobremesa na geladeira, agora esse pessoal resolveu aderir à minha mui consciente e estimada opção de voto? Onde está a coerência? O que aconteceu com a arma mais poderosa do cidadão? Só porque o Sassá Mutema jogou mal eles agora querem levar a bola embora e não brincar mais? Protestar só é válido quando o seu time perde?
Esse súbito apoio das massas à eterna candidatura do Macaco Tião fez com que eu repensasse meu voto. Alinhar-me com a "modinha", mesmo que involuntariamente, poderia fazer mal à minha imagem. Claro que esse pensamento durou apenas dois segundos. Continuo firme na intenção de anular meu voto, mesmo tendo a vaga esperança de, assistindo ao horário eleitoral, encontrar algum candidato que me faça mudar de idéia.
Na verdade, eu queria mesmo é que existisse o voto contra. Sem dúvida, uma forma muito mais eficiente de protesto. Funcionaria como naqueles concursos públicos em que uma questão errada anula uma certa. Imagina só, a quantidade de candidatos com votos negativos! Poderiam estipular um número mínimo de votos, e quem ficasse abaixo do exigido seria banido da política por alguns anos. O principal efeito disso seria a redução do número de candidatos, que não iam achar nada legal pagar o mico de, sei lá, ter menos 10 mil votos. E, levando em conta o quão rancorosos são os eleitores, quase ninguém arriscaria uma candidatura à reeleição, pelo menos não sem ter certeza absoluta de onde está pisando.
Taí. Se eu pudesse votar contra, juro até que acordaria bem disposto em dia de eleição. Iria feliz à zona eleitoral fazer uso da minha - agora sim - poderosa arma de cidadão. E quando a urna perguntasse contra quem eu gostaria de votar, abriria um sorriso para digitar o número do Garotinho. Só assim para eu nunca mais anular meu voto.
Enquanto as atualizações regulares não voltam, fiquem com duas músicas aleatórias da minha playlist de hoje, ambas de bandas britânicas (ok, não são tão aleatórias assim; escolhi porque são bacanas):
Sinto que isto aqui está se tornando lentamente (ou talvez nem tão lentamente assim) um blog sobre música. Calma, não entrem em pânico. Tenho vários posts aleatórios na manga e pretendo usá-los em breve. Não deixarei o Repolhópolis™ cair na terrível armadilha do foco. Até porque, com um nome desses, fazer sentido seria um desperdício.
Tive que me render ao Guillemots. Tudo indica que banda britânica será o próximo super-hype-do-momento, o que, apesar de bobo, por si só seria motivo de desconfiança. A diferença crucial, no entanto, é que eles não apenas são muito bons, como não se parecem com Strokes, Franz Ferdinand e muitos menos, ah, mas nem um pouco, com os ultra-estimados Artic Monkeys.
Ok, vá lá, eles têm pelo menos uma coisa em comum com o Strokes: um integrante brasileiro.
Não deve ser coincidência, portanto, o hit se chamar "Trains To Brazil". Aliás, ô diabo de música viciante. Não que ela seja daquelas canções cuja melodia gruda de imediato na cabeça, e nesses casos todo mundo sabe que a música nem precisa ser boa. Ela vicia simplesmente por ser... foda.
Ok, não esperem uma argumentação brilhante, até porque, como já mencionei anteriormente, eu odeio escrever sobre música (e talvez a existência deste blog me enquadre na categoria dos masoquistas). Prefiro, então, que vocês ouçam por si mesmos. E depois decidam se juntar ao meu coro ou não.
Ontem, lá no bom e velho, o disco que mais baixaram de mim foi, disparado, a estréia da Band Of Horses, Everything All The Time. Culpa da nota alta que o álbum recebeu do Pitchfork. Bastante justa, por sinal. Ouçam "The Funeral" para ter uma idéia. Grande música.
Ninguém dá muita importância pro início do outono aqui por estas bandas, mas eu tenho motivos pessoais para celebrar: hoje completo 26 translações bem-sucedidas. Foram 227.904 horas dedicadas a atividades pouco (ou nada) lucrativas e nenhuma contribuição para o futuro da humanidade. Pretendo mudar isso ganhando mais dinheiro.
Não se esqueçam de dar parabéns também ao Gabes, meu companheiro de data, que comemora hoje seu Jubileu de Crisopázio (eu comemoro o de Alexandrita, caso alguém esteja interessado em saber).
Eu não vi este filme, The Squid And The Whale, mas a Reca me disse que a trilha sonora parecia ser muito boa e resolvi procurá-la. Demorei um tanto para achar, mas finalmente consegui. Ela tinha razão. Muito folk e uma música do The Cars no meio. Tem até uma solo do John Phillips, coisa rara. Mas o destaque vai mesmo para as canções do Loudon Wainwright III, também conhecido como pai do Rufus Wainwright. Ouçam aí, especialmente "The Swimming Song".
Acabo de descobrir que a poupança Bamerindus NÃO continua numa boa.
Segundo me informaram, o Bamerindus não existe mais. Como assim? Tudo bem que eu não vejo propaganda do banco há... ahn, bem, uns 10 anos, mas...
Sério, onde eu estava que não fiquei sabendo disso? Talvez aquela história de que eu fui congelado em 1988 e voltei à vida em 2003 não seja invenção, afinal de contas.
Em homenagem ao meu déficit de atenção, vamos todos ouvir o jingle do Bamerindus. Oh, ié.
A convivência com pessoas muito burras é um ótimo exercício de tolerância, mas tem pelo menos dois efeitos colaterais desagradáveis e intimamente relacionados entre si.
O primeiro, e mais fácil de notar, é a perda de referencial, que leva à presunção crônica. Você, pessoa de inteligência razoável, começa a se achar um gênio. Sente-se capaz de revolucionar a física teórica e de estabelecer novos cânones filosóficos. Pior, considera já ter ultrapassado todos os limites da inteligência humana e não consegue mais disfarçar a imutável expressão de tédio no rosto.
Isso, claro, até encontrar uma pessoa de inteligência razoável que não conviva com pessoas muito burras, e perceber o segundo efeito colateral: o seu próprio emburrecimento - ali, na sua cara, palpável como o concreto e progressivo como a decomposição.
Sem dúvida, o maior problema da burrice é ser contagiosa. E ela vai se entranhando tão furtivamente que, por um tempo, você pensa que não há nada de errado. Até que um dia, sem se dar conta, você perde a vontade de aprender coisas novas e atribui isso ao seu excesso de sapiência. Um perigo.
Meu conselho: exercite a tolerância de outra forma. Vire judeu e vá morar em território palestino. Sei lá. Qualquer coisa é melhor do que emburrecer.
Depois do manager do Voxtrot me mandar um e-mail pedindo para remover um MP3 deles, agora foi a vez de receber uma mensagem do vocalista do The Changes, me agradecendo por escrever sobre a banda.
Como diria o abominável Funk'n'Lata: não é mole, não.
O novo disco do Loose Fur, projeto paralelo que Jeff Tweedy mantém com Jim O'Rourke, sai nos próximos dias. Acima, vocês podem assistir ao clipe de "Hey Chicken", música que abre o disco, chamado Born Again In The Usa.
Ok, eu admito. Isso é só uma desculpa para botar aqui no blog esse player em flash do YouTube, que eu acho muito cool. Mas assistam ao vídeo, é divertido.
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Quem ouviu atentamente "Creeque Alley", a música autobiográfica dos nossos amigos The Breasts And The Popes, deve ter reparado que a letra cita uns tais de Zal e Sebastian, que formaram uma banda depois de romper a parceria com Mama Cass e Denny Doherty. Pois esses Zal Yanovski e John Sebastian simplesmente fundaram o The Lovin' Spoonful, outro grupo muito bacana e quase esquecido da década de 60. Todo mundo certamente já ouviu o maior sucesso deles, "Do You Believe In Magic?". Abaixo, algumas músicas da outra metade dos Mugwumps para vossa apreciação (o único que deu azar foi mesmo o baterista, que não ficou famoso depois).
Se todas as músicas do próximo álbum do Midlake (banda da minúscula cidade de Denton, no Texas, cujo som parece saído diretamente dos anos 70) forem tão boas quanto essa "Roscoe", vem aí um dos discos do ano. A propósito: chama-se Trials Of Van Occupanther e deve ser lançado em julho. Ouçam!
Para celebrar a estréia da segunda temporada de Lost no Brasil (que, como já mencionei antes, estou acompanhando há meses via Bit Torrent), ofereço algumas músicas de uma das minhas bandas preferidas de todos os tempos: The Mamas And The Papas. Quem não sabe o que tem dentro da escotilha vai entender o porquê dessa homenagem ainda hoje.
Nada dos megahits "California Dreamin'" e "Monday Monday", no entanto. Dei preferência a músicas menos cotadas, o que não as faz menos bacanas. Em ordem alfabética, temos "Creeque Alley", uma canção cuja letra fala da formação da própria banda, e que foi a responsável por querer conhecê-los mais a fundo; a belíssima cover de "Dream A Little Dream Of Me", praticamente um número solo de Mama Cass (que voz, que voz...); a curtinha porém marcante "Glad To Be Unhappy", dos mesmos compositores de "Blue Moon"; e as ultra The-Mamas-And-The-Pápicas "I Call Your Name" e "I Saw Her Again".
Uma coisa que me intriga é como não existem bandas influenciadas por The Mamas And The Papas. (Quem disser Magic Numbers leva uma bifa - ô bandinha ruim, não dá nem para lamber os sapatos dos nossos amigos hippies). Por que será?
Na foto que ilustra este post, vocês podem admirar Michelle Phillips e seu então esposo, o falecido John Phillips, líder do grupo. Reparem no visual do rapaz. Um dia ainda vou arrumar uma roupa dessas e passar a me vestir assim em todas as ocasiões. Esse chapéu combinaria muito bem com a minha barba.
Bem, mas onde é que eu estava mesmo? Ah, sim, assistam à imperdível segunda temporada de Lost (os últimos três episódios que foram ao ar nos EUA - 13, 14 e 15 - formam uma seqüência absolutamente sensacional) e baixem The Mamas And The Papas, porque The Mamas And The Papas é legal. Os links:
Chocante - no mau sentido - esse último Oscar, hein? Eu não achei Brokeback Mountain lá essas coisas, mas, vá lá, já estava conformado com sua vitória. O que não dá para engolir é um dos piores filmes do mundo vir do nada e roubar a estatueta dos cowboys. Como assim? Totalmente inexplicável.
Resolvi testar um outro lugar para hospedar arquivos. Cansei dos anúncios irritantes do Megaupload e do limite de tempo ínfimo do Yousendit. O Sendspace tem anúncios também, mas são só aqueles do Google, que têm a vantagem de não pular na sua cara bem quando você vai clicar no link para baixar o arquivo. Espero que vocês aprovem.
Como teste, ofereço duas músicas aleatórias de artistas já elogiados aqui - um recentemente e outro há alguns meses. A.C. Newman, também conhecido como líder dos New Pornographers, aparece com a rara e muito boa "Homemade Bombs In The Afternoon", e os novatos-promissores do Voxtrot nos brindam com a Built-To-Spill-ana "Missing Pieces" (ok, talvez não se pareça tanto com Built To Spill, mas tem um momento específico na música que me lembrou a banda - virem-se para descobrir qual foi). Aproveitem.