HOJE EU COMPREI UM GUARDA-CHUVA
E, se o meu azar estiver em forma, de hoje até o dia 12 de fevereiro, durante o breve período da tarde que vai das 15h45 às 16h15, não cairá uma única gota de chuva na cidade de São Paulo.
APOSTO...
...que se eu não tivesse vindo trabalhar hoje ninguém teria percebido.
ISSO JÁ ESTÁ FICANDO REPETITIVO
Lá vou eu mais uma vez. Antes, porém, lembro aos desavisados que não me esqueci do resultado da promoção da caixa de fósforos. Pretendo atualizar o blog nos meus momentos de folga em São Paulo, o que significa que eventualmente divulgarei o nome dos ganhadores.
Que Tutatis nos proteja. Até mais ver.
DA SÉRIE "COISAS QUE EU GOSTARIA DE VER"
O fim da era do combustível fóssil. Hidrogênio é a parada.
JÁ VAI TARDE
A árvore de natal da Lagoa começa a ser desmontada hoje. Aleluia!
Por que a comemoração? Simples: porque eu odeio engarrafamentos. E eu passo muito pela Lagoa, um bairro naturalmente congestionado que beira o intransitável em época de árvore. Não dá para gostar de um troço que provoca engarrafamento no SÁBADO às DUAS HORAS DA MANHÃ, dá? (Sim, eu estava nele).
Ok, ela é bonitinha, ela pisca, ela é uma evento turístico importante (segundo os jornais, só perde para o réveillon de Copacabana e para o Carnaval), mas, catzo, É SÓ UMA ÁRVORE! O Rio de Janeiro deve ser uma cidade muito chata mesmo, para milhares de pessoas pegarem seus carrinhos e dirigirem alegremente até a Lagoa - sem se importar com congestionamentos, flanelinhas e vendedores ambulantes - só para assistir a uma estrutura de arame estroboscópica que fica parada no meio da água. Façam-me o favor!
****
Papai Noel, no próximo Natal eu quero um carro voador.
CONSULTA AOS LEITORES
Sou só eu ou vocês também não estão conseguindo ver as imagens do blog?
BISSEXTOS
Eu estava bem cético em relação a 2004. Desde que superei a adolescência não boto fé em anos novos. Não que houvesse algum motivo para acreditar neles quando era mais jovem - muito pelo contrário, por sinal - mas é que eu me tornei menos crédulo nas últimas translações da Terra - e mais pessimista, conseqüentemente. Além disso, o ano começa com um evento inesperado (e assustador, para um cara tão apegado à rotina como eu): uma nova temporada em São Paulo. Por causa desses dois fatores, desconfiava bastante de 2004. Foi então que, mergulhado em minhas patéticas angústias calendáricas, eu finalmente vi a luz. Tudo o que eu precisava fazer era formular uma brilhante teoria para apaziguar meu estômago. O que nos traz até aqui.
A princípio ela só funciona para mim, mas pode ser que alguém se entusiasme e decida fazer as contas. Por esse motivo, e só por ele, dividirei meu lampejo com vocês. É o seguinte: eu me dou bem em anos bissextos. Não sei por quê. Pode ser mágica, sorte, coincidência, destino ou auto-sugestão. Não importa. O fato é que não posso reclamar dos anos de 366 dias e, como vocês já devem ter percebido, 2004 É UM ANO BISSEXTO!
Ié!
Enfim, para facilitar o entendimento - e porque aqui é o Repolhópolis e eu adoros essas explicações inúteis - preparei um breve retrospecto dos meus anos bissextos. Divirtam-se. Ou saiam correndo antes que seja tarde.
1980
Ok, não posso afirmar que 1980 tenha sido um ano particularmente bom. Mas foi o ano do meu nascimento, e só por esse motivo ele merece figurar entre os melhores. Se bem que, analisando friamente, eu levava uma vida de rei. Vejam só: me davam comida à vontade, me ninavam para dormir quando eu quisesse, limpavam a minha baba, trocavam a minha roupa e eu não precisava me levantar nem para ir ao banheiro. Uma vida sem aborrecimentos. Não dá para ficar muito melhor do que isso.
1984
Além de título do clássico livro de George Orwell, 1984 foi um ótimo ano. Pelo menos para mim. Eram os anos 80, o que me permitia ter cabelo de cuia impunemente, sem sofrer zoações intermináveis na escola. Não havia dever de casa e não babar verde era o suficiente para passar de ano. Foi quando eu parei de dividir o quarto com a minha irmã e me mudei para o atual, dormindo ainda numa cama dobrável. Minhas maiores preocupações - que inveja - eram guardar os brinquedos no lugar certo e escovar bem os dentinhos. E, para completar, eu tinha a minha própria cabana de índio. Melhor que isso só se eu tivesse toda a coleção do Playmobil.
1988
Aqui as coisas já não eram tão fáceis. No ano anterior eu tinha começado a estudar num colégio novo, no turno da manhã. Quando eu estava quase me adaptando, fui transferido para o turno da tarde. Temia um desastre total, mas me enganei: ainda não conhecia os poderes de um ano bissexto. A segunda série foi a melhor meu primário. Posso dizer até que alcancei um certo nível de popularidade dentro da turma. Foi nesse ano também que eu ganhei dez cruzados (ou dez mil? ou cruzados novos?) por ter gabaritado uma prova de matemática e pude comprar dez gibis de uma só vez. Boas lembranças.
1992
O pior dos meus anos bissextos. A melhor série do ginásio foi a quinta, no ano anterior. Contudo, apesar dos eventos bizarros de 1992, posso dizer que a sexta série foi a segunda melhor (1993 e 1994 talvez tenham sido os piores da minha vida). Naquele ano eu tive que lutar pela minha sobrevivência no frágil ecossistema escolar. Fui envolvido em diversas brigas e, numa delas, fiz um dos valentões da minha sala chorar sem precisar desferir um soco ou um chute sequer - o que foi um dos momentos gloriosos da minha adolescência. Nessa época eu também fazia karatê (ia prestar exame para a faixa roxa, duas antes da preta), sabia contar até dez em japonês e estudava numa escola de artes. Apesar de violento, foi um ano importante para o desenvolvimento do meu caráter. Daqueles que parecem ruim quando se está vivendo, mas que no final traz valiosas lições. Um ano edificante, como diria o Mario.
1996
O melhor ano do colegial. Tudo bem, eu era feio para danar, parecia uma lesma vertebrada e tinha um pescoço que, com umas argolas, muita melanina e uma ligeira mudança de sexo, me credenciaria para ser capa da National Geographic. Ainda assim, um ano bissexto é sempre um ano bissexto. Foi, disparado, o meu melhor ano acadêmico, de boletim impecável, o que me qualificou entre os cinco melhores alunos do colégio todo. Foi também o ano em que mais tive amigos no colégio, coisa rara para um tímido incurável e antipático como eu.
E 1996 ainda teve tempo para abrigar uma das minhas maiores mudanças. Foi este o ano em que, de repente e sem razão alguma, eu comecei a gostar de escrever. Pior: eu comecei a entender como funcionava a língua portuguesa. Foi algo próximo da iluminação. Tudo que não havia entrado na minha cabeça durante todos os anos precedentes finalmente encontrou uma maneira de burlar minha resistência. A partir daquele momento, estava total e irremediavelmente perdido. Atribuo a ele a decisão posterior (que reluto em assumir equivocada) de fazer jornalismo, o que prova que, além de bons, anos bissextos podem ser também reveladores.
2000
Palavras talvez não possam definir o ano 2000, simplesmente o melhor da minha vida. Tantas coisas aconteceram neste ano que às vezes tenho a impressão de que foram dois. Intenso, transformador. 2000 foi isso. E mais não digo para que menos não fique sendo.
****
Pode ser que você aí do outro lado da tela, mesmo depois de toda essa historinha, ainda não tenha se convencido da eficácia dos anos bissextos. Mas não me importo.
2004 será legal.
Tem que ser legal.
Por favor?