julho 21, 2005

 
ANOTAÇÕES SOBRE O ANIMA MUNDI





Este ano assisti somente a 17 das 21 sessões de curtas. Em compensação, vi também um longa (Alosha Popovich I Tugarin Zmey, do Konstantin Bronzit, bacaninha). As sessões de vídeo se mesclaram definitivamente com as de película, mas desta vez tiveram a boa idéia de colocar os comerciais e vinhetas no início das sessões, além de indicá-los com um asterisco nas cédulas de votação. Por causa dessa simples providência, nem dei 1 (ruim) para todos os comerciais e vinhetas. Só para alguns.

Melhor curta do Anima Mundi? The Fan And The Flower, novíssimo filme do Bill Plympton (tão novo, aliás, que é impossível achar uma imagem do curta na internet), que conta a história de amor entre um ventilador de teto e uma flor. Sério. E é de chorar de tão bonito. Bill Plympton conseguiu se reinventar. Seus últimos filmes estavam começando a se tornar repetitivos, sempre com as mesmas piadas escatológicas. The Fan And The Flower explora o lado sensível de Plympton e o resultado é não menos que fantástico. Ponto pra ele.

O filme do Bill Plympton não foi a única coisa boa do festival, contudo. Assisti a outros que quase lhe tiraram a medalha de ouro. Alguns deles, sem ordem de preferência:
Imago (de Cedric Babouche), curta francês sobre um garotinho que perdeu o pai num acidente de avião. Tem um quê de Father and Daughter;
Chahut (de Gilles Cuvelier), animação belga sobre um carnavalesco numa cidade abandonada. Interpreto como um filme sobre o fim do mundo. Além disso, a regra é clara: se chove peixe, é bom;
Syntymäpäivä (de Kari Juusonen), sobre uma vaca que ia ser abatida e começa a "perseguir" seu quase-abatedor. Belo final. Finlandês;
Over Time (de Oury Atlan, Thibaut Berland e Damien Ferrié), curta francês que homenageia Jim Henson, criador dos Muppets. Estrelado por um batalhão de Cacos com olhos vazados. Pode assustar os mais sensíveis;
Lionel (de Gabriel Gelade, Medhi Leffad, Anthony Menard e Mathieu Poirey), animação em computador francesa sobre um menino de 6 anos e sua explicação para os seguintes tópicos: almoço e piranhas;
Viaje A Marte (de Juan pablo Zaramella), animação de massinha produzida na Argentina, conta a história de um menino cujo sonho de ir a Marte é realizado pelo avô, que o leva até lá de... caminhonete. Ganhou o prêmio do público aqui no Rio;
La Tête Dans Les Etoiles (de Sylvian Vincendeau), outra animação da frança, sobre a estranha relação do homem com a natureza;
Zasukanec (de Spela Caldez), produção alemãs/eslovena que conta a história de um alfaiate com poderes telecinéticos;
Born To Be Alive (de Dimitri Cohen Tanugi, Sylvère Bastien, Michael Pressouyre e Marien Verhoeven), sobre um gato extremamente cabeçudo que tenta se suicidar das mais diversas maneiras. Francês também;
Lunolin, Petite Naturaliste (de Cecíclia Marreiros Marum), outro curta francês, sobre a tumultuada relação do pequeno Lunolin com dois ouriços;
Badgered (de Sharon Colman), animação britânica sobre um tatu impedido de dormir por motivos alheios à sua vontade;
Herr Würfel (de Rafael Sommerhalder), animação suíça sobre um dos meus temas preferidos: como pequenas escolhas podem mudar radicalmente a sua vida (o filme que eu mais gostei ano passado falava justamente disso);
La Revolution des Crabes (de Arthur de Pins), animação francesa, para variar. O tema é muito parecido com o de Dahucapra Rupidahu, do ano passado, mas longe de ser um plágio. Fala de um dos animais mais desgraçados da natureza, o Pachygrapsus Mortamus, ou "caranguejo deprimido";
Learn Self Defense (de Chris Harding), animação estadunidense sobre George, que tem que aprender a se defender. Sacaneia a paranóia norte-americana atual. Hilário;
Kutoja (de Laura Neuvonen), curta finlandês sobre obsessão. E tricô;
Agricultural Report (de Melina Sydney Padua), melhor filme sobre vacas do festival. Irlandês;
Command Z (de Candy Kugel e Vincent Cafarelli), sobre como a vida seria mais fácil se pudéssemos executar o Ctrl+Z no cotidiano;
Chohon (de Enju Kim, Jungsun Choi, Junsang Yoon, Kinam Kim, Youngju Park e Youno Park), animação sul-coreana, sobre amor e resistência;
Fallen Art (de Tomek Baginski), animação finlandesa em computador, certamente a mais macabra do ano. Talvez eu seja estranho por gostar dela.

Outros filmes divertidos que merecem ser citados: Der Kussdieb (de Elen Madrid); Frog (de Cristopher Conforti); Burp, (de Marco Nguyen); El Ultimo Golpe Del Caballero (de Juan Manuel Acuña); Hernando (de Thomas Bernos, Jérome Haupert e Nicolas Lessafre); À Travers Mes Grosse Lunettes, (de Pjotr Sapegin); Gopher Broke (de Jeff Bowler/Blur Studio); Poteline (de Michel Lefevre) Bek (de Lucette Braune); The Old Crocodile (de Koji Yamamura); e A Dama da Lapa (de Joana Toste).

Já na outra ponta do espectro... Praticamente todos os filmes brasileiros a que eu assisti (Uhug na Serra da Capivara, Roque - A Jogada Mortal, Qualquer Nota, Será que ela vem?, A Guerra dos Bichos, *.DOC etc.), o que só confirma minhas teorias. Salvaram-se apenas Otto Guerra e Fabio Zimbres, com seu Nave Mãe - bem feitinho, mas nada de excepcional. O título de pior filme do Anima Mundi, no entanto, vai com louvor para ¿Con Que La Lavaré? (de Maria Trénor), da Espanha, um desfile de cafonice e mau-gosto com 11 minutos de duração, que pretende ser "um tributo a todos os artistas homossexuais cults do século 20". Pobres homossexuais.

Acho que é isso. Ano que vem tem mais. De preferência com a exibição do novo do Don Hertzfeldt e, se tudo der certo, com um filme MEU entre os piores do ano.

p.s.: Esqueci de mencionar a sessão especial Chris Landreth. Destaque para Ryan (ganhador do Oscar deste ano, excelente), Bingo (animação alucinada sobre como uma mentira repetida várias vezes pode se tornar uma verdade) e The End (melhor zoação já feita sobre animações abstrato-cabeçóides).

besuntado por Vitor Dornelles 16:01

Voltar para Repolhópolis

Google
 
Web repolhopolis.blogspot.com

Oba Fofia
A Vida Tem Dessas Coisas
Alexandre Soares Silva
Anamorfoses
Bard do Moe
Barriga Verde
Big Muff
Bla-Bla-Blog
Bumerangue!
Coisinha Supimpa
Copy-Paste
De Volta A Zenn-La
Dois Vezes Um
Esferográfica
Escrevescreve
Eufonia
Failbetter
Filthy McNasty
Gi em SP
H Gasolim Ultramarino
Letras Mortas
Londrisleblogui
Longo Caminho
Los Olvidados
Marcão Fodão
Mau Humor
Nobre Farsa
Noites Na Cidade
Non Sequitur
Os Conspiradores
Palmeirense Falador
Pensar Enlouquece
Perséfone
Pulso Único
puragoiaba
Radar Pop
Rapadura Açucarada
Ricardo Westin
Tédio Profundo
Terceira Base
These Are The Contents...
TV e Cerveja
Veríssimos
24/7
Zeus Era Um Galanteador


Bitter Films
KCRW
Miniclip
xkcd
Orisinal
Pitchfork
the ispot






This page is powered by Blogger. Isn't yours?


View My Stats

Creative Commons License
Blog licensed under a
Creative Commons
License