ESQUÁLIDUSAchei
essa idéia genial.
Eu sou meio obcecado com esse negócio de futuro. Lembro que, na época do curso da
Folha, quando o tema do
nosso caderno especial ainda era o funcionamento da cidade de São Paulo, a última página seria dedicada à "São Paulo do futuro". Não sei se fui eu quem sugeriu esta seção — gosto de pensar que sim — mas o fato é que me voluntariei imediatamente para ser o responsável pela página (em parceria com o Batata, que não parecia tão feliz com a idéia e certamente me achou muito esquisito por estar tão animado).
Mas, como sempre acaba acontecendo, o tema foi sendo reduzido e virou um especial sobre as "redes paulistanas" — coisas como os sistemas de transporte e de telecomunicações, por exemplo — e eu fiquei com a nada fascinante rede de água e esgoto (o que me levou a conhecer a Estação de Tratamento de Água do Guaraú e a Estação de Tratamento de Esgoto de Barueri, da qual tenho
péssimas recordações). Uma lástima.
Eu também sou a favor de todo tipo de preservação doidona da memória, como enterrar uma caixa cheia de coisas misteriosas que só deve ser aberta daqui a 10 mil anos, ou mandar pro espaço imagens e sons característicos da Terra, para que os ETs pensem que nós somos
sangue-bão e não queiram nos destruir se tiverem a oportunidade. Eu mesmo, no meu aniversário de 20 anos, passei uma lista para os meus convidados onde eles deveriam fazer perguntas que eu só responderia no meu aniversário de 30. Nem preciso dizer que ela está muito bem guardada, esperando o momento de ser aberta. E, se eu chegar aos 80 anos e ainda não tivermos feito contato, prometo me esforçar para mandar alguma coisa para o espaço também.
Falando nisso, cheguei à conclusão de que desde criança eu penso em maneiras de ajudar os historiadores do futuro. A primeira e mais simples — adotada por mim até hoje — era nunca abreviar o ano no cabeçalho do caderno. Enquanto todos meus amiguinhos achavam divertidíssimo escrever datas como 8/8/88, eu não via a menor graça, pois o
certo era 08/08/1988. Mas o que mais me surpreende hoje em dia é que eu realmente acreditava que um historiador do futuro poderia se interessar pelos meus cadernos da 2ª série. De qualquer maneira, se tivessem me consultado na época, não teria havido o stress do bug do milênio. Infelizmente, parece que ninguém aprendeu a lição e as pessoas continuam abreviando 2006 para 06. Acho que eu sou mesmo um dos únicos seres preocupados em facilitar a vida dos historiadores do futuro.