CONTRA A IMORTALIDADEAlgumas semanas atrás eu li na
Revista dO Globo uma matéria sobre o fim do envelhecimento. Diziam os cientistas que, com avanço das tecnologias e uma maior compreensão sobre os mecanismos de deterioração das células, em algumas décadas será possível retardar drasticamente a chegada da velhice e, mais adiante, talvez até impedir a morte. Palavras de um cientista da Universidade de Cambridge:
—
O envelhecimento é uma condição de saúde e é ruim. Potencialmente, podemos adiá-lo indefinidamente.Nessa hora tive vontade de saltar para dentro da revista e sacudi-lo pelo jaleco até que ele voltasse à realidade. Como assim, meu filho? Você nunca jogou
The Sims 2?
O popular jogo da
Maxis pode nos ensinar coisas fantásticas, e uma das lições mais valiosas que aprendi diz respeito à importância da morte. Vamos imaginar a seguinte situação: você tem um casal de Sims e, um dia, sem nada para fazer, eles resolvem procriar e têm dois filhos. Vamos imaginar que cada um destes filhos encontrará um(a) parceiro(a) e terá também dois filhos, e que toda sua descendência procederá da mesma forma, sempre gerando dois filhos por casal.
Pois bem, se todos os seus Sims fizerem terapia antienvelhecimento e não morrerem nunca, em apenas dez gerações seus 2 personagens originais terão se transformado numa multidão de 2.046 Sims. As conseqüências disso para o jogo são óbvias. Com tantos personagens e memórias pessoais para administrar, ele fica travadão. E provavelmente cheio de bugs. Por quê? Porque a imortalidade é um erro, e aposto que o
Will Wright sempre soube disso.
A morte existe para não travar o The Sims 2 divino. Aprendam a conviver com este fato.
****
Falando em Will Wright, mal posso esperar pelo jogo
mais ambicioso de todos os tempos (via
Reca, muito tempo atrás).