VIVA A RELATIVIDADE!Ontem o TRE do Rio de Janeiro evitou a cassação dos direitos políticos do nosso casal de governadores. Uma das desembargadoras que ajudou a salvar os Garotinho, Vera Lúcia Lima da Silva, usou como justificativa, entre outras coisas, o seguinte (segundo
O Globo; os grifos são meus): "No contexto em que estamos vivendo, com as denúncias do mensalão, a quantia (os R$ 318 mil apreendidos na sede do PMDB em Campos sem origem comprovada) deixou de ser
vultosa e passou a ser
módica".
Genial. Isso abre uma série de precedentes para o cidadão comum. Podemos deixar de pagar impostos, por exemplo. Quando tentarem nos prender por sonegação, invocaremos as palavras da desembargadora: "Mas em comparação com o mensalão, o que eu soneguei é módico!". A mesma coisa vale para qualquer dívida não paga.
No more SPC. "O valor desta batedeira não é nada comparado ao mensalão!".
Sim, sim! Finalmente a desculpa perfeita. Podemos aplicá-la em outras áreas também. Nos assassinatos em série, por exemplo.
— Sr.
serial-killer, o que tem a dizer em sua defesa?
— Meretíssimo, as oito criancinhas que eu matei e estuprei não são nada perto dos horrores do nazismo.
— Tem razão. Está absolvido!
— Uhu!
Legal, né? Tenho certeza de que Einstein ficaria orgulhoso da gente.
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Esperem, esperem. Acabo de saber que o TSE não gostou da relativização da desembargadora, alegando que a "análise da quantia gasta para corromper o eleitor não é relevante", e que não importa se foram R$ 200 ou R$ 380.000, compra de voto é compra de voto.
Ora, bolas. Bando de estraga-prazeres.