AGONIZA MAS NÃO MORREEu não ia mais tocar no assunto, mas não deu. Tinha que comentar
a capa de ontem dO Globo. Exemplifica perfeitamente o que eu chamei de "edição tendenciosa" no post abaixo. Uma notícia que, se os tempos fossem outros, provavelmente ficaria relegada a uma página par da editoria de polícia - e isso na melhor das hipóteses, pois é bastante provável que nem saísse - ganha um destaque absurdo na capa do jornal.
Percebam a escolha de palavras: não foi um estudante que matou outro estudante, mas um "tiro". O fundamental é ressaltar que o crime (ou acidente) foi cometido por uma arma de fogo, esta ferramenta maligna criada por satanás. Não é à toa que o próprio disparo se tornou o sujeito da oração. Reparem também no tamanho da foto da vítima, estudante de um bairro pobre de São Paulo. Se não estivéssemos às portas do referendo, e se O Globo não fosse um dos maiores defensores do SIM, um estudante assassinado em um bairro pobre de São Paulo ganharia tamanho destaque num jornal de elite do Rio de Janeiro? Claro que não. Entendo que O Globo queira defender o seu lado, mas esse tipo de edição é puramente demagógica. E nojenta.
Se a proibição for aprovada, assassinatos em escolas - foram cinco este ano em São Paulo, número bem pequeno se comparado ao total de mortes por armas de fogo no resto do país - vão diminuir? É provável que sim. Mas é realmente necessário proibir a venda de armas para atingir esta meta? Eu duvido.
Proibir deve ser sempre o último recurso. Depois que tentarmos de tudo, aí sim podemos discutir a proibição. O problema é que nós sequer começamos a tentar. E já queremos curar resfriado tomando antibiótico.