PARA QUEM GOSTA DE BANJOA primeira vez que eu ouvi
Sufjan Stevens foi em 2003, na época do lançamento de seu terceiro disco. Era um álbum de nome esquisito:
Greetings From Michigan, The Great Lake State. Não demorei a descobrir que o disco era também o pontapé inicial no megalomaníaco "Projeto dos Cinqüenta Estados"*, que consistia em homenagear com um álbum cada um dos estados norte-americanos. Achei
Greetings From Michigan... bacana, porém homogêneo demais, o que não raro tornava-o entediante, principalmente em audições prolongadas. Tinha grandes músicas, no entanto, como "For the Widows in Paradise, For the Fatherless in Ypsilanti" e "Romulus".
No ano seguinte, Sufjan Stevens lançou um disco chamado
Seven Swans (que, como o nome entrega, não fazia parte do "Projeto dos Cinqüenta Estados"), cuja sonoridade (leia-se: banjo e violões) lembrava bastante
Greetings From Michigan. Havia pelo menos uma música inesquecível: "To Be Alone With You". Nada que fosse mudar o mundo, mas era um disco bem legal.
Em 2005, fiquei sabendo que viria o real sucessor de
Greetings From Michigan, desta vez em homenagem ao estado de Illinois. Cerca de um mês antes do lançamento oficial, já tinha conseguido baixá-lo. E não tive dúvidas de que estava diante de uma obra-prima.
Illinois (criativo, não?) chegou ao mercado duas semanas atrás, em meio a uma polêmica envolvendo sua capa (a arte original trazia um Super-Homem sobrevoando Chicago, que teve que ser removido a pedido da DC Comics), e desde então vem sendo
aclamado pela crítica.
A grande sacada de Sufjan Stevens foi fazer de
Illinois um disco parecido com
Greetings From Michigan (o banjo continua lá, soberano), mas ao mesmo tempo diferente (o que neste caso tornou-se uma vantagem). A instrumentação esparsa do primeiro deu lugar ao tom épico do segundo, evidenciado pela inclusão de violinos, metais e um coral. Até uma supreendente guitarra faz participação especial em "The Man Of Metropolis Steals Our Hearts", uma das melhores do disco. O resultado é um álbum memorável, com canções idem. "Jacksonville", por exemplo, é forte candidata a música do ano, na minha humilde opinião.
Tudo isso porque, como os mais inteligentes já devem ter suspeitado, Sufjan Stevens é o download de reestréia das "ninfetas virgens amadoras". Todas as músicas supracitadas estão disponíveis para download (além de "Casimir Pulaski Day", do
Illinois, que eu não citei). Para isso, basta clicar em "ninfetas virgens amadoras" na barra ali de cima e seguir as instruções (e mesmo se você não for baixar nada, clique ali também e admire o maravilhoso
slide show em Flash que eu fiz).
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Pronto, finalmente consegui me livrar desse encosto! Agora poderei retomar as atividades normais - se é que posso chamar assim - do blog. Aguardem-me.
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*Muita gente considera Sufjan Stevens um sujeito pretensioso, por conta do "Projeto dos Cinqüenta Estados". Eu, porém, acredito que ele seja um tremendo galhofeiro, e que esse lance dos cinqüenta estados, por mais que ele pretenda realmente levá-lo adiante, não passa de uma grande pilha. Afinal, como achar que um cara que batiza suas músicas com nomes como "They Are Night Zombies! They Are Neighbors! They Have Come Back From the Dead! Ahhhhh!" ou "Let's Hear That String Part Again, Because I Don't Think They Heard It All the Way Out in Bushnell" possa efetivamente se levar a sério? De qualquer forma, se os próximos 48 discos da série chegarem perto da beleza desse último, que sejam todos muito bem-vindos.