ANTIGRAVIDADEEra um congresso científico, ou coisa parecida, e havia um prêmio, provavelmente em dinheiro, para a descoberta do ano. O ganhador foi um sujeito careca, que se recusava a receber a recompensa.
"Não posso receber um prêmio por essa descoberta!", ele dizia. "Ela está errada! Já fiz correções e enviei um artigo para o congresso da Europa."
Por algum motivo, ele falava essas coisas para mim, enquanto esperavam que subisse ao palco. "Não vou subir! Brasileiro é foda. Não perceberam que o artigo estava errado e ainda querem me dar um prêmio por causa dele!", resmungava.
Sem que eu tivesse perguntado nada, começou a me explicar como havia descoberto uma maneira de anular a gravidade. "Primeiro você joga no teto uma bola de plástico, do tamanho de uma de tênis, junto com um rolo de papel higiênico. Mas tem que tomar cuidado. O rolo deve estar molhado em cima, para grudar no teto, e o papel que sobra tem que chegar até o chão. Se você conseguir, a bola não cai. Mas o efeito só dura alguns segundos. Para anular totalmente a gravidade, descobri que tinha que segurar uma panela aberta, num ângulo de 45 graus, na direção do rolo e da bola. Assim, consegui impedir que a bola caísse."
Perguntei, então, qual era o erro, já que ele havia conseguido manter a bola no teto. Não me respondeu. Virou-se e começou a contar a mesma história para outra pessoa ao seu lado.
Meus sonhos estão cada vez mais estranhos.