março 22, 2005

 
CYBER MOVIE, A CONTINUAÇÃO

Saiu uma matéria na contracapa do Segundo Caderno de hoje sobre a polêmica sessão Cyber Movie do Telecine. Parece que 90% dos comentários no fórum da Rede Telecine são de pessoas revoltadas com a sessão. Mas o melhor da matéria, assinada por Lilian Fernandes, são as declarações de gente que acha a Cyber Movie uma ótima idéia. Começando pelo próprio diretor-geral da Rede, João Mesquita:

— Muitos jovens, que não gostam de ler, optam por ver filmes dublados. Achamos que se lhes déssemos a oportunidade de assistir aos filmes com uma linguagem mais próxima da que sete milhões de pessoas usam hoje no Brasil para se comunicar pela internet, estaríamos oferecendo-lhes também a chance de assistir ao filme com som original.

Ele completa dizendo que a sessão é "uma oportunidade de atrair jovens que cada vez vêem menos televisão". Jovens vendo menos televisão? Tem certeza de que é no planeta Terra?

Outra declaração supimpa é do Lêdo Ivo, poeta membro da Academia Brasileira de Letras:

— Em todas as épocas, grupos sociais criam suas próprias linguagens. Crianças e jovens, então, sempre o fizeram. Os de hoje em dia, meus netos inclusive, estão habituados à linguagem da internet e não há nada de mau nisso: não quer dizer que vão escrever melhor ou pior.

Desculpa, seu Imortal, mas como disse o próprio diretor-geral do Telecine, os jovens não gostam de ler. E sem leitura não dá pra escrever bem, não.

Mas a melhor de todas é a de um espectador da sessão Cyber Movie, o estudante João Vicente Barriel Neto, de 18 anos:

— O resultado é diferente, original, e fica mais fácil ver o filme assim. Às vezes a legenda é tão grande que a cena passa e a gente ainda nem acabou de ler.

Você tá de sacanagem, né? A única época em que eu tive dificuldade de ler legenda foi quando eu tinha 6 anos e estava começando a ser alfabetizado. Talvez com 7 anos eu ainda não fosse um ás da leitura, mas aos 8 eu já podia acompanhar um filme legendado sem problemas. Tem alguma coisa muito errada com um país onde um galalau com pelos menos 12 anos de alfabetização nas costas não consegue ler legenda.

Isso tudo me lembrou um episódio de Família Dinossauro, em que o Dino é contratado por uma emissora de TV para tornar sua programação mais próxima do homem comum. Graças às sugestões do Dino, eles passam a exibir horas e horas de aviso de "Fora do Ar", que se torna sucesso de audiência, bem como o programa "Cores Divertidas" (ou algo assim), que consiste em retângulos coloridos piscando na tela ao som de uma musiquinha. O resultado é o emburrecimento geral dos dinossauros, a começar pelos filhos do próprio Dino: Charlene fica perdida na rua porque não se lembra do endereço de casa e Bob começa a sufocar depois de ter esquecido como se respira.

Se eu fosse um dos espectadores fiéis da Cyber Movie, tomaria cuidado para não sufocar também.

besuntado por Vitor Dornelles 23:53

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