janeiro 06, 2005

 
PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE TSUNAMIS

Botar um título desses a esta altura dos acontecimentos é pedir para não ser lido. Em minha defesa, porém, tenho a dizer que o post é menos sobre tsunamis do que sobre ignorância.

O que mais me chocou em todo o evento - tirando, obviamente, os milhares de mortos - foi ouvir gente vacinada, maior de idade, com curso superior e dentes bem cuidados dizendo que não sabia o que era "tsunami". Pior ainda: afirmando que, se estivesse numa das praias do sudeste asiático atingidas pelas ondas, certamente iria conferir de perto o estranho fenômeno de retração súbita do mar que antecede os maremotos.

Depois percebi que não deveria ficar chocado. Eu é que sou um freak. Sou filho de geólogos e ao mesmo tempo um obcecado por desastres naturais. Estou sempre esperando o próximo meteoro gigante, o próximo terremoto destruidor, a próxima erupção vulcânica que cobrirá de poeira metade do planeta, o próximo furacão a virar transatlânticos e a fazer vacas voarem, a próxima epidemia de gripe que sepultará de vez uma vez por todas o mundo como o conhecemos. Sim, sim. Posso dizer que tsunamis fazem parte do meu cotidiano, apesar de nunca ter passado por uma.

O fato é que, se estivesse de bobeira numa praia asiática no momento da retração do mar, provavelmente teria corrido para um lugar bem alto e me safado numa boa. Eu, os elefantes, as tribos pré-históricas e a garotinha inglesa que fez um trabalho sobre ondas gigantes no colégio duas semanas antes e salvou mais de 100 pessoas. Essa é das minhas.

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Como já disse ali em cima, sou filho de geólogos. Não é de se estranhar, portanto, que o que mais causou alvoroço aqui em casa após o maremoto - tirando o número absurdo de mortos, é bom lembrar, antes que me acusem de insensibilidade e coisas do gênero - foi a intensidade do tremor que gerou as ondas. Nove pontos na escala Richter não acontece todo dia, definitivamente.

Só sei que cinco minutos depois da notícia meu pai já iniciava o discurso sobre como a Califórnia é um lugar perigosíssimo e sobre como ele nunca poria os pés lá. Todo mundo deve saber que a Califórnia está localizada numa das regiões mais tectonicamente ativas do planeta (ou, em língua de gente: tem terremoto pra cacete!). Pra vocês terem uma idéia, é possível ver a falha de San Andreas a olho nu. Um espetáculo. O que a maioria não sabe, no entanto, é que os geólogos aguardam apreensivamente o "Big One" naquela região. Uma coisa, assim, como o "pai de todos os terremotos". O negócio pode ser tão violento a ponto de separar, do dia para a noite, a Califórnia do resto dos Estados Unidos. E o pior é que isso pode acontecer tanto amanhã (isola!) como daqui a 100 anos. Bacana, hein?

De qualquer maneira, o destino da Califórnia - independente de "Big One" ou não - é se separar dos EUA e seguir em direção ao norte, para finalmente submergir na fossa das Aleutas (ou Alheutas, eu nunca sei). Nenhum de nós estará vivo para ver isso, no entanto.

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Repolhópolis™ defende a teoria de que cultura inútil também pode salvar vidas.

besuntado por Vitor Dornelles 23:39

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